Agência O Globo, EFE e Folhapress
No mesmo dia em que o Departamento de Estado americano denunciou o governo da Venezuela por violar os direitos humanos e manter opositores presos sem julgamento, uma comitiva de senadores brasileiros que está em Caracas se recusou a visitar os presos políticos no país. A comitiva formada por senadores que apoiam a presidente Dilma Rousseff, aliada do presidente venezuelano, Nicolas Maduro, está em Caracas para ouvir o governo e a oposição sobre a situação do país.
Em seu relatório anual sobre direitos humanos, o Departamento de Estado dos EUA afirma que o governo da Venezuela faz uso do Judiciário “de maneira seletiva” para intimidar e encarcerar opositores. O documento diz ainda que houve abusos por parte das forças de segurança da Venezuela durante os protestos do ano passado, com “detenções arbitrárias, tortura e encarceramento dos manifestantes”, e que o governo “bloqueou meios de comunicação e intimidou jornalistas por meio do uso de ameaças, multas, apropriação de propriedades, regulações feitas sob medida e investigações criminais”.
A comissão de senadores brasileiros chegou na noite de quarta-feira a Caracas. Na semana passada, um grupo de parlamentares de oposição, liderado pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), foi impedido de cumprir sua agenda no país. Eles enfrentaram um protesto e não conseguiram deixar o aeroporto Maiquetía.
Ontem, Lindbergh Farias (PT-RJ), Telmário Mota (PDT-RR), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Roberto Requião (PMDB-PR) se reuniram com parentes de manifestantes mortos durante os protestos do ano passado. Em seguida, se encontraram com familiares dos presos políticos e líderes da oposição. “Quem deveria estar aqui é Leopoldo, não eu”, disse Lilian Tintori, mulher do líder do partido Voluntad Popular, Leopoldo López, que está preso. “Estando aqui vocês podem comprovar a grave situação de crise em que se encontra a Venezuela”, afirmou ela.
Convidados a visitar os presos políticos, os senadores recusaram. “Não podemos chegar em um país e nos dirigirmos para um presídio sem permissão. Nosso objetivo é ouvir e não fazer um espetáculo”, disse Vanessa Grazziotin. O convite foi feito por Lilian Tintori.
Antes de retornarem a Brasília, os senadores seriam recebidos pelo ex-candidato opositor à Presidência e governador do estado de Miranda, Henrique Capriles, e participariam de um encontro com o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, o chavista Diosdado Cabello.
Foto: Miguel Gutierrez / EFE