Um estudo americano e uma pesquisa na Inglaterra apontam que o uso de máscaras é extremamente eficiente no combate à pandemia de coronavírus. A comprovação científica da importância do artefato e o resultado dos estudos confirmam a importância da lei aprovada pelos deputados paranaenses, disse o deputado Luiz Claudio Romanelli (PSB), um dos autores da lei estadual.
O uso de máscara, segundo os estudos, é capaz de conferir mais proteção do que o distanciamento social ou a higienização das mãos, duas outras recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde). No entanto, lembra Romanelli, é importante que todas as ações sejam feitas em conjunto, para possibilitar muito mais segurança e proteção contra a Covid-19.
“É a melhor forma de prevenção contra a covid-19. Desde o início da pandemia defendemos o uso de máscara, que depois virou lei no Estado e, agora, em todo o Brasil”, diz.
Romanelli observa que houve um relaxamento nas medidas de prevenção nos últimos dias, em nível mundial. “Países que se declararam área livre da covid-19, como a Nova Zelândia, voltaram a registrar novos casos. Por isso, precisamos redobrar os cuidados pessoais, para nos protegermos e proteger as pessoas à nossa volta”.
O Centro de Controle e Prevenção de Doença dos EUA e a Universidade de Cambridge, na Inglaterra, realizaram os estudos que, agora, passam a nortear ações públicas em todo o planeta.
Higienização — O estudo americano, lembra Romanelli, mostra que os pacientes que apenas mantiveram o distanciamento social conseguiram reduzir em 15% o índice de contaminação. Já com a máscara, essa redução alcança 25%. Os pesquisadores chegaram a essa conclusão depois de analisar a tripulação do navio de guerra americano USS Theodore Roosevelt, que teve um surto de coronavírus, enquanto estava na embarcação.
Dos 4800 marinheiros no navio, 1273 deram positivo para o vírus e 382 participaram do estudo. Entre os que usavam máscara de proteção facial, 55,8% foram contaminados. Já entre os que não usaram o equipamento, o percentual de contaminação foi de 80,8% – um aumento de 25%.
O estudo também analisou a importância do distanciamento social no combate ao coronavírus. Dentre as pessoas que não seguiram as diretrizes de distanciamento social, 70% foram contaminadas e 54,7% dos que mantiveram a distância de um metro e meio de outras pessoas ficaram imunes, uma queda de 15,3%.
O ato de lavar as mãos regularmente não impediu que 62% dos pesquisados fossem contaminados com a Covid-19, contra 65% daqueles que não lavam as mãos regularmente (aumento de 3%).
Inglaterra — Pesquisadores da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, após uma série de pesquisas científicas, chegaram à conclusão de que o uso maciço de máscaras de proteção é uma das formas mais eficientes de impedir uma segunda onda de Covid-19 no mundo.
A pesquisa aponta ainda que, quando combinado com o distanciamento social e outros cuidados já difundidos no Brasil e no mundo, o recurso é eficaz para reduzir taxa de transmissão do coronavírus.
Os pesquisadores são taxativos ao afirmar que os lockdowns sozinhos não são suficientes para impedir uma nova onda de contaminação no mundo, a não ser que isso seja combinado com o uso massivo de máscaras para retardar a propagação da doença.
O deputado lembra que o Brasil está no topo da curva de ascensão da contaminação e que, se não houver uma conscientização coletiva da população, a Covid-19 vai fazer muitas vítimas em todos os estados, inclusive no Paraná.
Romanelli explica que a máscara de tecido é reaproveitável, mas exige alguns cuidados no manuseio. “Quando for usar, pegue a máscara pelos elásticos, e não toque na frente dela. Evite tocar o rosto ou coçar os olhos. Depois de usar, mantenha a máscara de molho em água sanitária por pelo menos meia hora e depois lave-a com água e sabão neutro. Antes de usá-la novamente, passe o ferro quente para esterilizar e poder utilizar com toda a segurança necessária”, recomenda.
Proteção — Na pesquisa feita na Inglaterra, os pesquisadores concluíram que mesmo máscaras de pano caseiras, que têm eficácia limitada, podem reduzir consideravelmente a taxa de transmissão.
“Se o uso generalizado de máscaras pelo público for combinado com distanciamento físico e algum confinamento, poderá oferecer uma maneira aceitável de lidar com a pandemia e retomar a atividade econômica muito antes de haver uma vacina,”, afirma Richard Stutt, pesquisador da Universidade de Cambridge e coautor do estudo,
Romanelli explica que a transmissão do vírus é feita por meio de gotículas soltas por pessoas infectadas, principalmente na fala, tosse ou espirro. Os pesquisadores usaram modelos matemáticos dos vários estágios de infecção e da transmissão pelo ar e pelas superfícies.
Reprodução – Os modelos mostraram que, se uma pessoa usa máscara sempre que sai em público, isso é duas vezes mais eficaz para reduzir a reprodução do vírus que quando alguém usa a máscara só depois que tem sintomas. A reprodução é chamada de Rt, que é a taxa de reprodução do vírus, que indica quantas pessoas podem ser contaminadas por quem já tem o vírus. Para uma pandemia ser contida, o Rt deve ser menor que 1.
A pesquisa também indica que, se pelo menos metade da população usa máscara rotineiramente, o Rt é reduzido para menos de 1. Assim, as curvas de contágio podem ser achatadas, e as medidas de contenção, afrouxadas. Os cientistas de Cambridge resumem o resultado de suas pesquisas com uma mensagem: “Minha máscara protege você, sua máscara me protege”.
Por isso, alerta Romanelli, para vencer o coronavírus é importante que todas as ações sejam feitas em conjunto. “Não adianta usar a máscara e se descuidar das outras medidas de proteção. Os estudos mostram que as pessoas que adotaram todas as medidas, ou seja, usaram máscaras, mantiveram o distanciamento e lavaram as mãos regularmente, tiveram um índice de contaminação bem abaixo dos demais”.
Recomendações — Inicialmente, por orientação da própria OMS, a recomendação era que apenas pessoas doentes e profissionais de saúde deveriam usar máscara de proteção.
Com isso, houve muita controvérsia quanto ao uso, sobretudo devido à escassez do artefato, que sumiu das prateleiras das farmácias em todo o Brasil, como aconteceu em outros países que enfrentaram e ainda enfrentam o coronavírus. Por isso, as recomendações das autoridades de saúde quanto ao uso correto da máscara são importantes.
O deputado lembra ainda que a máscara é para uso pessoal e não pode ser compartilhada, ainda que por pessoas da mesma família. E acrescenta: “Quando não for usar, evite tocar a máscara ou deixá-la em lugar onde o vírus possa se alojar, como mesas ou balcões. Assim, você terá certeza de que o ambiente em que você e outras pessoas estão está imune do coronavírus”.
Proteção coletiva — O uso da máscara não protege apenas o usuário, mas também todos os que estão à sua volta. Se duas pessoas estão sem o artefato, uma tem o coronavírus e não sabe e a outra não, um pode contaminar o outro.
Além de ser uma recomendação dos especialistas de que todos usem máscaras, é um dever de todos os que saem às ruas ou fazem uso de ambientes coletivos.
Quando duas pessoas conversam sem máscara, a chance que a pessoa saudável pegue a Covid-19 da pessoa que está doente é muito alta. Quando a pessoa saudável passa a usar a máscara, a chance de contágio diminui, mas permanece alta.
Contágio baixo – Se a máscara é colocada apenas pela pessoa que está doente, a chance de contágio diminui, mas ainda é média. Porém, quando as duas pessoas – tanto a que está doente como a que está saudável – usam a máscara, a chance de contágio pela covid-19 é baixa.
“A chance de contágio diminui quando todas as pessoas usam máscaras, porque aumentam as barreiras de proteção contra o vírus. Por isso, é importante todos usarem a máscara. Assim, vamos evitar a proliferação do vírus e diminuir o número de contaminados e mortos pela Covid-19”, disse Romanelli.
“O estudo mostra que o que temos defendido desde o mês de abril, que o uso da máscara, aliado a outras ações de prevenção, como o distanciamento e isolamento social e a higienização das mãos com água e sabão ou álcool em gel são medidas preventivas eficazes no combate ao coronavírus”, reafirma.
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