Enquanto a avaliação de analistas é de que o presidente Michel Temer sobreviva às denúncias da Procuradoria Geral da República, que não devem prosseguir na Câmara dos Deputados, o mesmo não se pode dizer das reformas econômicas. A denúncia apresentada na segunda-feira por Rodrigo Janot contra o peemedebista é apenas o primeiro passo da PGR, uma vez que a ideia é fatiar as acusações. Conforme destaca a Folha de S. Paulo, com o discurso da terça-feira, Temer tentou transformar o debate sobre sua denúncia numa batalha entre a política e a guilhotina, que personifica em Janot.
Aliados justificaram o tom adotado ao apontar que foi o procurador-geral que, com a decisão de fatiar as acusações contra o presidente, afastou-se do terreno jurídico. Com essa decisão, Temer age para chegar até 17 de setembro, quando haverá troca na Procuradoria. “Até lá, esgarçará os fios da crise, sem medo de criar impasse institucional”, aponta a coluna Painel. Assim, conforme aponta a LCA Consultores, “a agonia de Temer junto à PGR deverá continuar ao longo do segundo semestre”, com as novas denúncias.
Neste cenário, mesmo com a avaliação de que o presidente tem capital político para sobreviver às denúncias, uma vez que elas precisam de apoio de pelo menos dois terços da Câmara para avançarem, a avaliação é de que o calendário de reformas seja prejudicado – e o fisiologismo aumente. Assim, conforme destaca o colunista do Valor Econômico, Raymundo Costa, a e estratégia do procurador-geral de fatiar as denúncias contra o presidente Michel Temer liquidou a possibilidade de a reforma da Previdência ser votada neste ano.
Ele aponta que no calendário político, não haverá janela para reformas entre o esforço de autopreservação do governo, que será prolongado pela estratégia de Janot, e o início do ano eleitoral, em outubro. O Congresso tem que definir as regras do pleito e os partidos têm de filiar seus candidatos até 7 de outubro, um ano antes da eleição. “O risco, agora, é o governo abrir as arcas do Tesouro para se salvar na Câmara”, aponta ele.
O colunista do jornal ressalta que há uma expectativa no Planalto e no Congresso de que Temer possa tentar aprovar uma reforma ainda mais desidratada, restrita à aprovação da idade mínima, caso o peemedebista passe com folga pela Câmara dos Deputados. Mas ele ressalta que isso está longe de resolver os problemas e distorções da Previdência. Já se a denúncia passar na Câmara e Temer tiver que ser afastado definitivamente, o Congresso elegerá um novo presidente, sendo improvável que o novo dirigente tenha força para votar uma reforma que exige o quórum qualificado de 308 votos na Câmara. “No momento, a reforma da Previdência está entregue à própria sorte”, aponta ele.
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