Escrevo para dizer, mais uma vez, que não sou candidato a presidente. Mas se alguém imaginou que estou saindo de cena, errou na mosca
Não existe vento bom para uma nau sem rumo. Mas desta vez não vou evocar Ulisses para ilustrar minhas reflexões.
Escrevo aqui, mais uma vez, para dizer que não sou candidato a presidente do Brasil.
Mas, se fosse somente esta a minha motivação, pouparia a todos de um terceiro artigo para defender a mesma tese, o que seria redundante e sem sentido.
Escrevo para organizar e cadenciar as ideias e, mais do que tudo, para compartilhar com quem se interessa pelo que penso minhas crenças, meus sentimentos e aprendizados.
Em novembro deixei claro aqui neste espaço que não seria candidato a nada. O ano começou e meu nome seguiu sendo ventilado no noticiário político e nas pesquisas eleitorais. Gente de todos os lugares, idades e crenças me procurou para depositar em mim suas esperanças, diga-se, já no fim.
E, por mais coerente que eu tente ser, não posso esconder que o coração se encheu de força, a cabeça de ideias e que todas as intempéries e adversidades que os amigos mais queridos apontavam incessantemente, encolheram e ficaram minúsculas por alguns instantes.
A recorrência desta hipótese em torno do meu nome fez ressurgir uma espiral positiva de tamanha força que foi humanamente impossível não me deixar tocar.
Assim, a cabeça e a alma começaram a operar novamente seus ciclos de altos e baixos, trazendo de volta ao meu radar uma decisão avassaladora.
Enquanto isso, a tal espiral novamente atraiu de forma ainda mais potente para perto de mim inteligências brilhantes, cabeças encantadoras, das mais experimentadas às mais novas e cheias de disposição. Gente que me fez voltar a acreditar na palavra servir no tempo e significados corretos. Um encontro de pessoas muito especiais com intenção genuína de sair da letargia e de se unir pelo que é comum.
Foram centenas de conversas, cada uma delas um aprendizado. Ideias se conectando umas às outras e fazendo enorme sentido. No total, foram mais de dez meses de escuta profunda, debates, leituras, reflexão… um tempo de tanta intensidade e qualidade, que provocou uma revolução interna, virando do avesso tudo o que eu acreditava serem meus limites e demolindo os tetos que inconscientemente limitavam o espaço acima da minha cabeça.
E o aprendizado, ainda que nunca termine, já me permitiu algumas conclusões. Desde revelar a amplitude do espaço que preciso e quero percorrer em termos de preparo pessoal e de conhecimento, até a certeza de que a renovação política é só um dos milhares de passos que teremos que dar coletivamente se quisermos mesmo que o Brasil seja um país mais justo, humano e eficaz.
É claro que não tenho, simplesmente porque não existe, um modelo preconcebido de panaceia universal para o Brasil, mas consegui ao longo da minha vida e, muito especialmente, nesses últimos meses, enxergar as grandes linhas de um projeto de país em que acredito.
A tal espiral que mencionei antes teve o poder de me aproximar de mentes brilhantes de origens, idades, classes sociais, etnias e crenças diferentes que vem desenhando com maturidade, cautela e inteligência o Brasil absolutamente possível do futuro. E mais uma vez vou repetir algo que falei antes: vou trabalhar por este projeto com toda a força e energia que tiver em mim.
Se alguém imaginou que estou saindo de cena, errou na mosca.
Estou tendo a alegria e o enorme privilégio de ver de perto o nascimento dos novos movimentos cívicos que brotam pelo país afora. Me aproximei dos que enxergam caminhos mais alinhados com aqueles em que acredito, o Agora e o RenovaBR. Mas vejo que não só estes dois, mas todos os movimentos genuínos de renovação, independente da corrente ideológica que representem, poderão formar uma grande plataforma de mudança radical do esfarrapado quadro da política nacional. Todos juntos pela renovação verdadeira.
Reafirmo minha convicção de que há tempos deixei para trás minha zona de conforto num caminho sem volta; vou servir, contribuir com meu tempo, dedicação e ideias para ressignificar a política no Brasil. Mas isso não se dará por geração espontânea. Temos que nos aproximar, colocar a mão na massa. Só a política pode de fato tirar essas ideias e projetos do papel. Não devemos renegá-la, mas sim ocupá-la com uma nova agenda e uma nova forma de exercê-la, ética e altruísta.
Quero concluir sugerindo a todos que não se deixem levar pela sensação de desânimo que o quadro social e político do país tem produzido. Da minha parte, vou dedicar todo o tempo e a energia que estiverem ao meu alcance para ajudar a fazer este Brasil que a gente merece definitivamente acontecer.
Deste projeto, acredite, estou mais dentro do que nunca!
Mas sei que este Brasil do futuro só tem alguma chance, se não depender de mim nem de qualquer indivíduo. Mãos à obra.
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