O avanço da sanidade e da rastreabilidade animal foram eleitas as prioridades para que os três estados do Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) adquiram condições de qualidade e de competitividade para que a região se torne grande exportadora de leite. Esses estados compõem a Aliança Láctea Sul, constituída há quatro anos, para harmonizar o crescimento da cadeia produtiva do leite na região Sul do País.
Representantes dos estados do Sul debateram nesta segunda-feira (19) tema na sede da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), em Curitiba, com a presença dos secretários da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara, do Paraná; e de Ricardo de Gouvêa, da Agricultura e da Pesca de Santa Catarina.
A pauta da Aliança Láctea Sul será encaminhada aos novos governadores dos estados do Sul para que possam ratificar e dar sustentação às propostas. A região é responsável por 40% da produção de leite no País, enquanto tem apenas 15% dos consumidores brasileiros. Os três estados se destacam como segundo, terceiro e quarto colocados, respectivamente, no ranking da produção nacional de leite. O primeiro estado produtor é Minas Gerais.
Segundo Norberto Ortigara, o leite representa o quarto produto em volume de produção no Paraná, atrás das cadeias de soja, frango e milho. “Ou a gente produz para o mundo ou não temos como colocar toda a produção no mercado interno. Para isso temos que continuar perseguindo uma produção de qualidade”, disse.
O secretário Ricardo de Gouvêa disse não ter dúvidas que está ocorrendo uma revolução silenciosa na produção de leite na região Sul do País, onde muitas propriedades familiares já trabalham com grande tecnologia.
O chefe da Embrapa Gado de Leite de Juiz de Fora (MG), Paulo do Carmo Martins, afirmou na reunião que um indício forte dessa evolução é que a empresa foi procurada pelo BNDES para fazer um trabalho específico para o produtor, o que representa uma mudança importante para o setor. “Chamou a atenção que embora nossa produtividade seja menor em relação aos países grandes produtores, nossos preços são competitivos, o que favorece uma transformação no meio de produção”, disse.
Martins elencou a necessidade de políticas públicas focadas no setor produtivo para eliminar diferenças regionais. “Ao mesmo tempo que municípios têm baixa produtividade, outros exibem excelente produtividade, similares às melhores do mundo”, acrescentou.
CONDIÇÕES E PRIORIDADES – Foram debatidos os desafios para que os estados do Sul busquem o mercado externo para dar vazão à produção, que é bem maior que o consumo.
Para o secretário Norberto Ortigara, os três estados reúnem condições adequadas de pastagens abundantes, possibilidade de produção de biomassa, oriunda da avicultura e suinocultura, na reciclagem das pastagens, que representa um valioso insumo que é o adubo orgânico que a vaca converte em leite.
Também reúne boas condições de clima, regime hídrico e condições mais favoráveis de se trabalhar com animais das raças europeias, grandes produtoras de leite. Além disso, os três estados têm a tradição da agricultura familiar porque a produção de leite exige a habilidade do produtor na produção e manejo do animal.
PRIORIDADES – O coordenador-geral da Aliança Láctea Sul, Airton Spies, falou das prioridades do programa de trabalho para 2019, elencando em cinco eixos as frentes de trabalho: tecnologia e assistência técnica aos produtores; qualidade do leite como elevação da incidência de sólidos no leite; sanidade no combate à brucelose e tuberculose; organização setorial para que a logística de captação do leite seja mais eficiente e redução das assimetrias, com a eliminação de vantagens tributárias em alguns estados.
Participaram da reunião os representantes do Sindicato da Indústria do Leite do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul; Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Emater-PR, Instituto Tecpar, Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) e de empresas como Aurora Alimentos e Frimesa.
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