Do Estadão
A limpeza exigida pela presidente Dilma Rousseff no Ministério do Esporte obriga o novo titular da pasta, Aldo Rebelo, a mexer num “paredão” de comunistas, boa parte composta por ex-dirigentes da União Nacional dos Estudantes (UNE), alocados em áreas estratégicas. Entre os candidatos à degola, está o paranaense Ricardo Gomyde, atual assessor especial do gabinete do ministro e vice-presidente regional do PCdoB no estado.
O comando do partido no Paraná rejeita o nome de Gomyde numa lista de demitidos pós-escândalo. Ele chegou ao ministério após brigar com o ex-governador e hoje senador, Roberto Requião (PMDB), que o demitiu da Secretaria de Esportes. É ex-deputado federal e pré-candidato a prefeito de Curitiba em 2012.
Por enquanto, Aldo Rebelo só confirmou a saída do secretário executivo, Waldemar Souza, do PCdoB do Rio. O novo ministro do Esporte vive um dilema. Recebeu a ordem da presidente para mudar o comando da pasta, mas sabe que as trocas em meio a um escândalo de corrupção respingam nas pretensões eleitorais do PCdoB em 2012.
Além de Gomyde, há pelo menos mais seis pessoas que podem entrar na forca após a queda de Orlando Silva: Wadson Ribeiro, Ricardo Capelli, Alcino Reis Rocha, Fábio Hansen, Vicente José de Lima Neto e Antonio Fernando Máximo.
Desses, apenas um tem o respaldo do Palácio do Planalto para continuar: Alcino Rocha, secretário nacional de Futebol, que tem atribuições ligadas à Copa de 2014. Para o governo, Alcino está desvinculado do esquema montado no ministério e Aldo Rebelo já foi avisado que, se quiser, poderá mantê-lo. Alcino foi quem assinou um convênio de R$ 6,2 milhões, em dezembro de 2010, com um sindicato de cartolas para um projeto de cadastramento de torcedores que não sai do lugar.
O caso mais emblemático para Aldo resolver será o de Wadson Ribeiro, ex-presidente da UNE e hoje secretário de Esporte Educacional, setor que cuida do programa Segundo Tempo, foco de irregularidades e desvios de verba. Wadson foi secretário executivo do ministério na gestão passada e assinou boa parte dos convênios suspeitos, entre eles um que beneficiou uma entidade de sua cidade com repasses de mais de R$ 9 milhões.
Outro nome da pasta que está na berlinda e é protegido do partido é o chefe de gabinete da Secretaria de Esporte Educacional, Antônio Fernando Máximo. Secretário regional de Ação Institucional e Políticas Públicas do partido, o nome dele foi envolvido nos escândalos de corrupção do Esporte pelo fato de uma empresa com a qual tem ligações ter sido favorecida com recursos da pasta. Aldo quer demiti-lo.
Para diminuir o desgaste com o PCdoB mineiro, porém, gostaria de manter Ana Maria Prestes Rabelo, neta de Luiz Carlos Prestes e assessora internacional do ministério.
Dirigente da legenda no Rio de Janeiro, Ricardo Cappeli é outro que tenta se segurar no ministério. Assim como Aldo Rebelo, Orlando Silva e Wadson Ribeiro, ele já foi presidente da UNE. Hoje dirige o programa da Lei de Incentivo ao Esporte como trampolim para as eleições de 2012. Cappeli já teve seu nome envolvido em irregularidades no programa Segundo Tempo quando foi candidato a vereador em 2008.
O chefe de gabinete do ministério, Vicente José de Lima Neto, é praticamente carta fora do baralho. Dirigente do PCdoB baiano, ele é amigo e conselheiro de Orlando Silva. Passam por Lima os temas mais importantes da pasta que precisam de uma opinião do ministro.
É esperada também a exoneração de Fábio Hansen, que hoje trabalha no Departamento de Programas do Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social. Ele é acusado pelo policial militar João Dias Ferreira de participar do esquema de fraude no Segundo Tempo.
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