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Esquerda volver!

Esquerda volver!

A JPMDB precisa em sua próxima Convenção (eleitoral e ordinária) fixar suas características históricas: juventude de esquerda e nacional

Marcio Carvalho*

A JPMDB realizou no dia 19 de dezembro de 2009 seu I Congresso Nacional, no intuito de debater as principais questões relativas a organização da juventude e suas bandeiras de luta. Os companheiros e companheiras da JPMDB estão de parabéns pela iniciativa que nos reaproxima da nossa trajetória fundadora. Nossa juventude foi fundada no bojo das lutas populares, no seio dos movimentos sociais.

A história da JPMDB decende da “ala moça” do MDB até os momentos atuais. Durante este processo o Brasil saiu de um período de 21 anos de ditadura militar para eleições constituinte, uma nova constituição, eleições diretas, impeachment, reeleição do (des)governo FHC e eleição (e posterior reeleição) do primeiro operário Presidente do Brasil.

Em algum momento deste processo a JPMDB desviou do seu caminho, deixou o seu processo democrático interno de lado e acabou optando pela disputa de gestão da juventude em virtude do debate ideológico e programático.

Os 15 pontos da Carta de Salvador (produto do I Congresso Nacional da JPMDB), sem dúvida, são um avanço, porém ainda muito tímido.

Tímido pois as questões operacionais da JPMDB (logos, nominatas, participação em horário eleitoral, atualização do programa partidário com inclusão dos temas de juventudes, alteração do estatuto, reconhecimento dos núcleos, criação de legislação eleitoral e participação da JPMDB nos movimentos sociais) são questões de “forma” e não de “conteúdo”.

A forma é a maneira mais simplificada da luta política, é o contorno, absolutamente formal e absurdamente superficial.

Se isolarmos a JPMDB do resto do mundo, e principalmente do Brasil, poderíamos até entender estas priorizações, mas como estamos ás vésperas de uma das mais importantes eleições da história do país acredito que o papel da JPMDB e suas prioridades sejam outras. Para exemplificar, podemos nos questionar, se fossemos a qualquer sala de aula (seja de colégio de ensino médio ou universidade) do Brasil com a Carta de Salvador em mãos, quantos jovens estariam dispostos a debater conosco sobre os 15 pontos? Os poucos que se dispuserem a fazer o debate fariam muito mais por bondade do que por interesses objetivo, pois os pontos são mais para dentro do PMDB do que para fora. É importante afirmar que as “Cartas”, historicamente, são a representação do diálogo que queremos fazer com a sociedade e não com somente com o partido. Não podemos nos limitar, nem restringir nosso diálogo.

A juventude brasileira quer saber que país vamos construir!

Qual é o programa político da JPMDB? Quais são os principais pontos para um programa nacional que inclua a juventude? Quais são as diretrizes políticas que a JPMDB vai defender e vai convidar a juventude brasileira a se juntar a ela? Qual é a estratégia?

Estas são algumas das perguntas que a JPMDB deve responder. Estas respostas não podem ser fruto da defecção cósmica de meia dúzia de iluminados, a JPMDB precisa exercitar o debate interno, a organização da juventude em reuniões e plenárias, movimentando todos os segmentos, municípios e agrupamentos de militantes.

O ser humano precisa exercitar seus músculos para que eles não percam a força ou atrofiem. Mas obviamente não fazemos qualquer execício a qualquer hora, é preciso organiza-los em quantidade e freqüência para que possam fazer toda a musculatura se fortalecer. O debate com nossa militância fortalece a nossa musculatura partidária juvenil. Mas não pode ser qualquer debate, deve ser um debate mobilizador e organizador das juventudes, que permita ao conjunto de militantes o entendimento do seu papel na sociedade, no partido e na juventude, conseguindo assim atuar, formar e informar dentro e fora do partido.

Alguns companheiros e companheiras da militância tem defendido que se torna necessário, antes de se colocar para a sociedade, uma capacitação da militância, como um curso de formação. É óbvio que a formação é de fundamental importância, mas ela se dá durante o processo de teoria e prática, no dia-a-dia da militância. Só teoria ou só prática não formam militantes, formam corpos estéreis, dependentes da ação ou da teoria de outros, incapazes de criar, aprender ou ensinar.

É preciso uma união entre a teoria / prática reflexiva em aliança com a nossa relação dialógica com o partido e a sociedade.

Na “Era da Batalha das Idéias” a JPMDB precisa de muito conteúdo para se organizar e intervir na realidade do país aproveitando o melhor do conhecimento científico que a humanidade já produziu e colocando-o a serviço do povo.

Vamos a luta.

* Marcio Carvalho – 31 anos, atua desde os 14 anos nos movimentos de juventudes, foi delegado brasileiro nos Festivais Mundiais da Juventude e dos Estudantes de Cuba (1997), Argélia (2001) e Venezuela (2005), representou o Brasil na Federação Mundial das Juventudes Democráticas – FMJD, foi Conselheiro de Estado da Educação no Rio Grande do Sul (2001/2002), representando os estudantes secundaristas gaúchos, foi presidente da União Gaúcha dos Estudantes – UGES (1997-2001), presidente da União Municipal dos Estudantes Cachoeirenses – UMESC (1996-1997) e hoje coordena a área de políticas para a Juventude da Secretaria de Estado da Criança e da Juventude do Paraná

Referências Bibliográficas:

ABRAMO, Helena Wendel, FREITAS, Maria Virgínia de e SPOSITO, Marília Pontes ORGANIZADORAS. Juventude em Debate. São Paulo, 2000, Editora Cortez.

ARAÚJO, Maria Paula Nascimento. Memórias estudantis 1937 – 2007: Da fundação da UNE aos nossos dias, Rio de Janeiro, 2007, Ediouro Publicações.

BORDENAVE, Juan E. Díaz, O que é participação, São Paulo, Editora Brasiliense, 8ª reimpressão, 1995.

BRITTO, Sulamita ORGANIZADORA. Sociologia da Juventude I, II, III e IV, Rio de Janeiro, 1968, Zahar Editora.

CASTRO, Fidel, Lênin e Frei Beto, As tarefas revolucionárias da juventude, 4ª reimpressão, São Paulo, 2006, Editora Expressão Popular.

INGENIEROS, José, As forças morais, Curitiba, 2004, Editora do Chain

WEFFORT, Francisco C. – Porque Democracia? 3a. Edição, São Paulo, 1984, Editora Brasiliense.

MARCIO CARVALHO – TELEFONE: (41) 8403 0132

”As únicas críticas que constróem meu caráter, são aquelas que são ditas olhando nos meus olhos. O resto são apenas opiniões vistas com maus olhos…”