Por Josias de Souza, na Folha Online:
Depois da revoada de São Paulo, o PSDB convive com o risco de uma defecção em massa no Estado de Santa Catarina.
Um grupo de tucanos catarinenses cogita migrar para o PSD do prefeito paulistano Gilberto Kassab.
Aguardam apenas pela definição do governador Raimundo Colombo (DEM), que também flerta com a nova legenda.
A exemplo de Colombo, o pedaço rebelado do tucanato condiciona a permanência no partido à imediata fusão do PSDB com o DEM.
O repórter Upiara Boschi conta que o bloco dos tucanos inssurretos se opõe ao comando de Leonel Pavan, reconduzido à presidência do PSDB-SC na semana passada.
Entre os que ameaçam acionar as asas está o deputado estadual tucano Marcos Vieira, derrotado por Pavan na disputa pelo comando partidário.
Junto com Vieira, ruminam a ideia de migrar do PSDB para o PSD mais dois deputados estaduais: Nilson Gonçalves e Gilmar Knaesel.
A revoada pode alcançar também a bancada do tucanato na Câmara federal. Namoram a ideia trocar de camisa os deputados Jorginho Mello e Marco Tebaldi.
Licenciado da Câmara, Tebaldi integra a equipe de secretários de Colombo. Ele chefia a pasta da Educação.
O bloco da migração pode arrastar mais dois secretários tucanos : Serafim Venzon (Assistência Social) e Filipe Mello (Planejamento).
Também considera a hipótese de abandonar o PSDB Dalírio Beber, atual presidente da Casan, a companhia de saneamento de Santa Catarina.
A notícia sobre a perspectiva de emagrecimento do tucanato catarinense chega no dia em que foi divulgada uma nota do presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra (PE).
Guerra pendurou na página mantida pelo partido na web um texto no qual tenta refutar a tese de que o PSDB vive uma crise na cidade de São Paulo.
Na capital paulista, seis vereadores e Walter Feldman, secretário municipal de Esportes e Lazer, se desfiliaram do partido.
Sobre os vereadores, Guerra anotou: “Estavam no PSDB, mas, nas eleições municipais [de 2008], não votaram conosco”.
Quanto a Feldman, o presidente do PSDB escreveu: “As divergências também são dessa época e apenas se consumaram agora”.
Na eleição a que se refere Guerra, os vereadores e o secretário Feldman apoiaram a reeleição de Kassab, contra a candidatura partidária de Geraldo Alckmin.
Em seu texto, Guerra realça que o PSDB atravessa um período de “convenções estaduais e municipais, como fazem todos os partidos”.
Afirma que há acordos “em praticamente todas” as convenções. “Em alguns casos, há negociações e até disputas. Nada disso indica crise”.
A julgar pelas informações que chegam de Santa Catarina, o quadro é menos róseo do que pinta a nota oficial.
A certa altura, Guerra alfineta Kassab. Escreve que o PSDB não incorre em “quebra de ética”. E acrescenta:
“A ética discutível está na formação de partidos que reúnem adesismo, conveniências em torno de projetos pessoais e mudança de lado”.
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