A educação remota chegou a 100% dos alunos do Colégio do Campo Ilha Superagui, no Litoral do Paraná, graças à solidariedade entre os próprios habitantes. Moradores da ilha – entre os quais donos de restaurantes e pousadas – estão disponibilizando internet para os alunos estudarem e não perderem as videoaulas e outros conteúdos.
A diretora da escola, Joanne Araújo Munis, conta que foi o trabalho em conjunto com a comunidade local que possibilitou 100% de adesão dos professores e dos alunos nas aulas a distância. “Primeiro, mostramos aos pais a importância de eles incentivarem os filhos a estudarem. Quando eles entenderam o quão fundamental era esse papel, vimos um crescimento na adesão dos estudantes às aulas”, lembra.
Corrente
“Mas o que nos surpreendeu foi ver como os próprios moradores da comunidade se juntaram para ajudar aquelas famílias que tinham filhos matriculadas na rede estadual, mas não tinham acesso à internet. Eles passaram a compartilhar a rede para que todos pudessem acessar e estudar”, destaca emocionada a diretora.
Adrianne Araújo Pires é dona do Restaurante e Pousada Crepúsculo. Em seu estabelecimento há rede de wi-fi para os turistas, mas ela a disponibilizou para os filhos dos moradores vizinhos. Ela disse que se solidarizou com os estudantes que querem aprender, mesmo neste contexto de aulas remotas. “Vendo a preocupação dos pais e professores de como lidar com a educação a distância, decidimos fazer parte deste momento e apoiá-los”.
A dona da pousada explica a criança, quando precisa, passa pelo estabelecimento, pega a senha da rede e faz o uso conforme necessário. “O que nos levou a tomar essa atitude foi saber a importância do ensino em nossa comunidade e o amor que temos por todas as crianças”.
Hoje, os 70 alunos do colégio participam de todas as atividades e videoaulas, graças a essa boa ação por parte dos moradores da ilha.
Acompanhamento
Além da solidariedade dos próprios moradores, a equipe pedagógica do colégio faz um intenso trabalho de busca ativa dos alunos. A diretora Joanne explica que se um aluno perde o meet (encontro pela internet) com o professor ela entra em contato com sua família. “Temos grupos de whatsapp que nos ajudam a estar próximos tanto dos alunos quanto das famílias e, graças a essas ferramentas, estamos conseguindo nos manter unidos neste momento”, conta.
Daniele Ramos Muniz é mãe de Raissa e Arthur. Ela diz que sua internet é via rádio e, por isso, ela não precisa de rede compartilhada. Conta ainda que a proximidade entre professores e alunos neste momento tem sido muito positiva. “Meus filhos estão focados nos estudos e, por mais que às vezes o sinal de internet seja fraco, nada os impede de estudar”.
A experiência das aulas remotas, acrescenta, tem sido positiva para seus filhos, que muitas vezes preferem estudar em casa e encontrar os professores virtualmente. “A Raissa, por exemplo, fala que prefere estudar em casa e fazer a videoaula com sua professora direto. Ela diz que sente uma atenção mais individualizada por parte dos professores.”
Outras escolas
No interior da Ilha de Superagui há uma segunda unidade educacional, a Escola Barra do Ararapira, que atende a 13 alunos. A diretora Joanne explica que nessa região não há sinal de TV ou internet e, para atender esses estudantes, ela sua equipe fazem um trabalho intenso para levar as atividades impressas. “Eu e mais quatro professores da própria unidade estamos levando atividades e apostilas e ajudando na explicação dos conteúdos. Dessa forma, conseguimos alcançar a todos e não deixar nenhum para trás”, conta.
Escolas no litoral
Outras escolas estaduais nas ilhas do Litoral do Paraná também estão com alta adesão às aulas remotas. Na Ilha das Peças, há escolas que atingiram 94% de adesão por parte dos alunos. Mesmo enfrentando maiores dificuldades, como acesso à internet e contato com o continente, essas regiões estão despontando com maiores índices de engajamento por parte dos estudantes.
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