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Escapamos de boa

Ademar Traiano

Qual era o real projeto do PT para o Brasil? Só podemos especular sobre isso, mas os indicativos, baseados em iniciativas malogradas, como a de controlar os meios de comunicação, sugerem que o autoritarismo sempre esteve no DNA do petismo.

Um indício consistente desse viés pode ser encontrado na política internacional desenvolvida pelo Partido dos Trabalhadores em seus anos de poder. Regimes autoritários de esquerda, explícitos ou em gestação, sempre receberam tratamento preferencial e reverente por parte do PT.

O caso de Cuba, com sua ditadura de quase 60 anos, é exemplar. O regime dos Castro recebeu financiamentos bilionários dos governos petistas e foi destinatária programas, como o Mais Médicos, desenhados sob medida para mandar dinheiro, muito dinheiro, para a ilha.

Agora, mais um aliado preferencial do PT tira a máscara e revela seu apego pelo poder e todo o seu desprezo pela democracia. Na última quarta-feira, 29, o presidente da Bolívia, Evo Morales, ignorando o referendo de 2016, convocado por ele mesmo, que rejeitou nova reeleição, vai atrás de novo mandato amparado em uma decisão do submisso Tribunal Constitucional da Bolívia.

A sentença da Corte, adotada por unanimidade, é um primor. Considera uma nova reeleição de Evo um “direito humano”. Avalia que a possibilidade de o presidente se candidatar livremente a um cargo prevalece sobre “as limitações da Constituição”. A Carta Magna boliviana, promulgada pelo próprio Morales em 2009, só permite uma reeleição consecutiva.

No poder desde 2006, Evo já havia mudado a Constituição do país e recorrido à Justiça para disputar reeleição. O atual mandato termina em 2020. Se for reeleito para um quarto mandato consecutivo em 2019, estará comemorando 19 anos no cargo em 2025. Nada indica que, nessa ocasião, não vá lançar mão novamente do “direito humano” de se reeleger.

Evo está seguindo o caminho nada luminoso aberto por Hugo Chávez, morto em 2013, e de seu sucessor, Nicolás Maduro, na Venezuela. Mestre e discípulo estupraram as instituições democráticas e o chavismo se perpetua no poder há 18 anos. Ao longo dessa trajetória destroçou a economia da Venezuela e produziu um desastre econômico e institucional inédito até para os padrões lamentáveis da América Latina.

Vale lembrar que Evo Morales desfrutou de relações especialíssimas com o Brasil do PT. Em 2006 Evo ocupou militarmente duas refinarias da Petrobras na Bolívia. As instalações da Petrobras foram encampadas pela Bolívia que nunca indenizou o Brasil.

O roubo das refinarias, descobriu-se depois, foi perpetrado com a cumplicidade total de Lula, que deu sinal verde para o furto, garantindo que o Brasil não iria reagir.

O Brasil não reagiu mesmo, ao contrário. Assegurou aumentos sucessivo ao preço do gás que importamos da Bolívia, recompensando os que nos roubaram e revelando precocemente a vocação do PT para saquear até o osso nossa maior estatal. Uma inclinação que acabou escancarada pela Lava Jato.

Qual seriam os planos do PT para o Brasil se Dilma Rousseff não tivesse sido impedida em 2016? Se tomarmos como referência os regimes cultivados como referência e exemplo pelo petismo só podemos concluir que escapamos de uma boa.

Ademar Traiano é deputado estadual, presidente da Assembleia Legislativa e vice-presidente do PSDB do Paraná