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Entrando para a história

Entrando para a história

O uniforme do tamanho certo ainda não chegou. O coturno ainda é um pouco maior do que deveria ser. Formada em pedagogia e aprovada no último concurso público de pedagogas em Foz do Iguaçu, Regiane Maria Biassu volta do portão pra dentro de casa sem perceber que se esqueceu de passar o rímel ou o perfume. Formada pela primeira turma feminina de guarda municipal de Foz do Iguaçu, em 1998, ela é a primeira agente de segurança em uma das maiores empresas do Brasil, a Itaipu Binacional.

Na companhia, os agentes de segurança são divididos em grupos de trabalho. Regiane trabalha com aproximadamente 26 homens na sua equipe. Regiane demonstra, talvez, uma das maioridades qualidades de um ser-humano: a gratidão. Lembra-se de todos que ajudaram e contribuíram para a chegada de uma colega em meio aos seus 150 colegas (homens) de Itaipu. E sua maior gratidão é com Walter, o técnico responsável por seu grupo. “Por ser a primeira mulher, eu devo te caído como uma bomba na mão de meu gerente de grupo, seu Walter. A missão dele foi impor todo o respeito que meus colegas têm atualmente por mim. Cuidar com piadinhas ou com conversinhas sem graça, o que é perfeitamente normal em um ambiente masculino. Merece um mérito muito grande por eu estar aqui porque, afinal de contas, eu fui uma experiência que deu certo, tão certo que as próximas colegas estão chegando”, comemora ela.

Para ser aprovada na usina, Regiane passou no processo de seleção competindo com vários homens, praticamente gabaritando a prova de exame físico. Entre abdominais, corridas, natação e exercícios em barra, Regiane deixou muito homem para trás, assim como suas colegas que agora estão chegando na companhia. Regiane certamente abriu espaço e parece que tem incentivado as mulheres a chegarem onde ela conseguir chegar. No último teste de seleção para agente de segurança de Itaipu, dos 600 candidatos que prestaram o concurso para admissão, os dois primeiros lugares ficaram com mulheres. Elas devem assumir o posto em agosto, segundo Francelino Neumann de Lima, responsável pelos grupos de segurança em Itaipu. Vale ressaltar que essas mulheres passam por provas teóricas, físicas e por testes admissionais de igual para igual com os homens que também prestaram os exames.

Reconhecimento real
Regiane Maria Biassu, primeira agente de segurança de Itaipu, relembra uma palestra dada aos funcionários da companhia. Uma das palestrantes pergunta às poucas mulheres presentes na sala – na verdade duas ou três – como elas se sentiam trabalhando em meio a tantos homens. Uma senhora se levanta e anuncia:

– Eu não posso falar pelas outras e, por favor, me corrijam se eu estiver mentindo, mas eu sou tratada como uma princesa.
Esse acontecimento ilustra o tratamento que todos têm em relação às poucas mulheres dentro da Usina. Apesar de trabalhar em um posto destinado para homens, Regiane relembra os primeiros dias de trabalho na companhia. “Nos primeiros dias fui direcionada para o posto de segurança da barreira de controle dos funcionários. Como muitos trabalham há muito tempo na usina, obviamente ver uma mulher logo na entrada foi novidade. Buzinavam, acenavam, recebi muitos parabéns”.