Foto: Leonardo Bettinelli
Os estudantes da Universidade Federal do Paraná (UFPR) decidiram por ampla maioria em sua VI Assembleia Geral, realizada no saguão da Reitoria durante todo o período noturno desta terça-feira (3), ocupar o prédio central da Reitoria.
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Conjuntura e negociação nacional – A assembleia ocorreu após o Ato Nacional em Defesa da Educação promovido pelo Comando Nacional da Greve dos Estudantes, que aconteceu em diversas capitais do país.
“Esse ato, dentre outros que vamos organizando, é para mostrar para o [Aluísio] Mercadante que quem negocia pelos estudantes em greve são os estudantes em greve, e não a UNE (União Nacional dos Estudantes) que tenta apadrinhar as greves estudantis de todo o país sendo que essa entidade não construiu a greve até então, que demonstra que tem outras pautas que são de interesse do governo federal e não aquelas eleitas em assembleias para serem levados ao comando nacional para construirmos a pauta nacional conjunta dos estudantes.” declara um estudante que é delegado da UFPR no comando nacional.
No dia 26 de maio, o ministro da educação Aloísio Mercadante, enquanto anunciava a aprovação do 10% do PIB para a Educação no Congresso Federal, declarou que só negociaria com a UNE. “Esse movimento tem uma característica de buscar respaldo pela base e não depender de representatividade que burocratiza as lutas estudantis e que é um dos principais fatores para que o movimento estudantil esteja apagado na mídia, gerando a ‘apatia’ dos estudantes. Quando vamos para rua, vamos para mostrar que isso é uma inverdade.” conclui.
Os estudantes delegados foram eleitos na primeira assembleia geral pós deflagração de greve estudantil da UFPR, eles organizam os repasses da greve local para a greve nacional e vice-versa. Cada universidade com greve estudantil tem direito a dois delegados no comando nacional, e as universidades com indicativo de greve, apenas um.
Conjuntura e negociação local – Em Curitiba, o ato foi incorporado pela campanha Estamos de Olho e reuniu mais de 300 estudantes que realizaram passeata desde as escadarias do Prédio Histórico da UFPR na Praça Santos Andrade até o Pátio da Reitoria.
“A realização da campanha Estamos de Olho foi decidida em Assembleia Geral anterior e funciona como forma de pressionar a Reitoria enquanto ainda estávamos em negociação, ou seja, durante toda as reuniões das comissões de negociação da Reitoria e dos estudantes a gente realizou atos e atividades para mostrar a nossa força também do lado de fora” explica uma estudante que faz parte da comissão de comunicação do comando local de greve dos estudantes.
“A comissão de negociação foi eleita em assembleia logo após a deflagração da nossa greve, composta por 11 membros representando cada setor que está participando da greve. Ela é a responsável para explicar, negociar, e avançar nas pautas junto com a comissão de negociação da Reitoria.” finaliza a estudante.
Depois de um ato unificado de estudantes, servidores e professores grevistas que reuniu mais de 1200 pessoas em passeata na rua XV de novembro, no dia 14 de junho, terminou em ocupação da sala de reunião dos conselhos universitários. Nessa ocasião, os estudantes conseguiram o primeiro diálogo com o reitor Zaki Akel Sobrinho que garantiu a negociação com os estudantes, iniciando assim os trabalhos das duas comissões de negociação.
A opção pela ocupação – Enquanto o ato nacional de ontem (3) acontecia, também estava acontecendo a última reunião das comissões de negociação, que também foi a primeira reunião pós resposta oficial da Reitoria e avaliação dos estudantes dessa proposta.
“A gente teve que realizar duas reuniões extensas (uma de 3 horas e outra de 5 horas) apenas para apresentar e explicar as nossas pautas, demonstrando um claro desrespeito ao movimento estudantil e que tenta nos vencer no cansaço. Depois dessas reuniões, eles nos prometeram a proposta oficial para depois de uma semana, e a proposta que recebemos era inaceitável, dava um par de conquistas sem prazos, sem responsáveis, sem dados de financiamento e não acatavam as mais de 20 outras pautas estudantis.” afirma uma estudante que fez parte da comissão de negociação.
“Eles nem nos garantiram a pauta principal de qualquer greve, que é a não retaliação dizendo que ‘A UFPR considerando a sua tradição democrática construída sob a égide da liberdade e pluralidade de pensamento que conduzem a ações responsáveis e conseqüentes’, sendo que não é verdade, em 2007, o então reitor mandou Polícia Federal contra os estudantes grevistas e tem processos administrativos rolando até hoje. O reitor pensa que a gente é burro e não tem memória?” desabafa.
Depois do ato nacional, os estudantes da comissão de negociação deram o repasse durante a assembleia de ontem (3), e os estudantes entenderam que estava na hora de radicalizar a greve, aprovando assim a ocupação. Segundo os estudantes presentes, a minoria que votou contra a ocupação era em grande parte membros do DCE(Diretório Central dos Estudantes) da UFPR, que é afiliada a UPE (União Paranaenses dos Estudantes) e a UNE, e não participa da construção da greve, tendo inclusive participado da negociação da UNE com o ministro Mercadante.
A lista de pautas estudantis aprovadas em assembleia e a resposta oficial da reitoria estão disponível neste link: DOWNLOAD.
Os estudantes citados na matéria pediram que se seus nomes e cursos não sejam citados por medida de precaução, dado a ocupação, o coletivo dos estudantes entende que a possibilidade de qualquer tipo de retaliação é iminente.
A ocupação dos desocupados
É impressão minha ou vocês censuraram meu comentário ???
Nao pode nome mas pode por foto? hahahahahah
certinho hahaha