Do blog de Josias de Souza, da Folha Online:
A única diferença entre um Rembrandt autêntico e uma boa imitação de Rembrandt é o atestado de um especialista. Assim, o proprietário de um Rembrandt duvidoso talvez prefira o prazer do convívio com a ilusão ao parecer de um perito.
Mal comparando, ao tentar fundir sua imagem à de Lula, José Serra pendurou na propaganda eleitoral um quadro falso. A analogia com Rembrandt talvez nem seja a mais adequada. O ‘Serrula’ de 2010, por contemporâneo, aproxima-se mais do modernismo de Andy Warhol.
Como se sabe, a grande contribuição de Warhol à arte foi a de converter objetos não-artísticos em peças artísiticas. Submetida à ótica genial de Warhol, arte é tudo aquilo que é apresentado como arte. Ainda que seja uma garrafa de refrigerante ou uma lata de sopa.
Certa feita, uma amiga amalucada de Warhol perfurou com um tiro cinco retratos que o artista fizera de Marilyn Monroe. As peças ganharam nome novo. Viraram “Marilyn perfuradas”, E passaram a custar mais caro do que outras obras de Warhol.
O tiro fora disparado no estúdio do artista. E a presença do orifício tornou-se evidência de autenticidade das obras. Ao levar ao ar o seu “Lula furado”, Serra demonstrou que, nas artes eleitorais, qualquer coisa pode ser falsificada.
O diabo é que, para desassossego do candidato pseudo-oposicionista, há em cena um perito insuspeito: o próprio Lula. (Leia mais)
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