Duas empreiteiras denunciadas pela ex-contadora de Alberto Yousseff que mantinham negócios escusos com o doleiro, abasteceram a campanha de Gleisi Hoffmann (PT) ao Senado em 2010. Das seis empresas apontadas por Meire Bonfim Poza, duas doaram para campanha de Gleisi: Camargo Corrêa doou R$ 1 milhão e a OAS, outros R$ 780 mil. Em abril, o jornal O Globo revelou que a UTC/Constran – listada na caderneta de Paulo Roberto Costa, o ex-diretor da Petrobras preso na Operação Lava-Jato com indicativo de pagamento a candidatos e financiamento campanhas eleitorais – doou R$ 250 mil para Gleisi.
No caso da contadora Meire Poza, o deputado Marco Maia (PT-RS), relator da CPI Mista que investiga suspeitas de corrupção relacionadas à Petrobras, vai pedir sua convocação para depoimento sobre suas denúncias envolvendo o esquema montado por Youssef, publicadas na edição desta semana da revista Veja. Meire era contadora de Youssef e revelou detalhes sobre como funcionava o esquema de corrupção e desvio de dinheiro público que tinha como supostos beneficiários empreiteiras, políticos e agentes públicos.
Em entrevista à revista, Meire revelou que políticos do PT, PMDB e PP estão envolvidos com os negócios clandestinos de Youssef. “Havia um fluxo constante de entrada e retirada de dinheiro em pelo menos três empreiteiras”, disse a contadora. Nas últimas três semanas, ela prestou depoimentos à Polícia Federal, ajudando os investigadores a entender o significado e a finalidade de documentos apreendidos com o doleiro e seus parceiros.
Ela contou como funcionava o esquema envolvendo as empreiteiras prestadoras de serviço à Petrobras, que contratavam empresas de Youssef que só existiam no papel. Estariam no esquema OAS, Sanko Sider, Galvão Engenharia, Unipar, Mendes Júnior e Camargo Corrêa. Segundo a reportagem, no caso da Camargo Corrêa, “era um esquema exclusivo de comissões de negócios acertados dentro da Petrobras com o Paulo Roberto da Costa (ex-diretor da estatal, preso pela Operação Lava-Jato)”.
A contadora revelou que desconfiou da natureza ilegal dos negócios de Youssef quando recebeu ordens do doleiro para fazer um contrato pelo qual a empreiteira Mendes Júnior pagaria R$ 3,8 milhões à GFD Investimentos (uma das empresas de fachada de Youssef), a título de consultoria sobre a viabilidade de plataformas de petróleo. Todos os envolvidos negaram manter qualquer relação com o doleiro.
Parlamentares
De acordo com a reportagem, pelo menos cinco parlamentares recebiam pagamento em dinheiro vivo, diretamente das mãos do doleiro ou por meio de depósitos bancários feitos por Meire. Os deputados André Vargas (ex-PT) e Luiz Argôlo (SDD-BA), que respondem a processo no Conselho de Ética da Câmara, além dos deputados Cândido Vaccarezza (PT-SP) e Mário Negromonte (PP-BA), e do senador Fernando Collor (PTB-AL). Todos negaram as acusações.
A contadora afirmou ter uma relação de números de contas bancárias de parentes e assessores de políticos que receberam dinheiro do doleiro. Ela revelou ainda negócios entre Youssef e empreiteiras e prefeituras comandadas pelo PT. O doleiro oferecia 10% de propina a cada prefeito que aceitasse investir num fundo criado por ele.
“Parece que esta mulher conheceu, como poucos, a arquitetura e a operação do sofisticado esquema de lavagem de dinheiro que atingiu o montante de R$ 10 bilhões. Isso tudo precisa ser investigado”, disse o deputado paranaense Rubens Bueno, líder do PPS.
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