Empreiteiras e os gigolos da ditadura
Carlos Molina
A estruturação e consolidação deste "esquemão" das empreiteiras deu-se principalmente durante o periodo da ditadura militar, imposta pelo golpe de 64.
As elites ecnonômicas nacionais, encasteladas a sombra dos fuzis dos militares e associadas ao grande capital internacional, pegaram muito dinheiro emprestado ao Sistema Financeiro Internacional. O objetivo era construir as condições de infra estrutura para a implantação do parque industrial multinacional.
Eles, os "gringos", ganharam muito dinheiro ao financiarem o capital a juros acima da média do mercado internacional, ganharam muito dinheiro fornecendo os insumos, equipamentos e maquinários para a execução das obras, ganharam muito dinheiro ao priorizarem o sistema rodoviário, o mais caro na construção e manutenção, deixando de lado as ferrovias e hidrovias, e ganharam e ganham muito dinheiro com as empresas aqui instaladas.
Agora o maior lucro que o "Tio Sam" e seus aliados, todos rapineiros, exploradores, tiveram foi na implantação do um modelo dependente de desenvolvimento, ficamos totalmente amarrados, endividados ao financiarmos a entrada deles em nosso território.
A grande culpada por está estrutura é a "elite nacional submissa, que em 500 anos de histórias desse país, um Estado que surge com a vinda do Império português antes da Nação ter-se consolidada, sempre teve o papel de "bate-paus" do Imperialismo, não importando se era o português, o inglês ou o norte-americano, de colônia a neocolônia foi a nossa trajetória nas mãos destes patrimonialistas entreguistas.
Na "festa das empreiteiras" durante o milagre econômico eles serviram de agenciadores de mão de obra, pois lucraram com as grandes empreiteiras na construção destas infraestruturas de geração de energia, logística, armazenagem, comercialização, no crescimento artificial dos grandes centros, etc..
Tanto o Sarney, que chegou a ser presidente nacional da Arena, como o ACM e tantos outros políticos envolvidos, verdadeiros gigôlos da ditadura fizeram fortunas, e o pior continuam fazendo.
Os vícios da transição imposta
O MDB, que foi criado para ser o Partido regra dois da ditadura, a oposição confiável,com o desgaste natural sofrido pelo sistema pela imposição do regime de arbítrio, e dos golpes dentro do golpe, que faz o regime caminhar cada vez mais para a direita, o que leva a ocorrer as dissidências internas, que rumaram para a oposição dentro do MDB, entre eles o Ulisses Guimarães.
Havia sido extintos os reais Partidos de Oposição existentes, tais como o PTB, o PSB, PCB, PCdoB,etc.. O MDB acaba por abrigar a maioria dos ex-membros destes Partidos, assim tomando face própria e rumando mais a esquerda dentro do espectro ideológico.
Com o isolamento do regime militar o sistema recua, surgindo mais dissidências internamente, seu tecido organizativo centralizado começa a esgarçar, assim surgindo o grupo que pregava a "democratização lenta e gradual".
Nesta "transição" da ditadura para a "democracia" ocorreu um pacto, onde surge o PP, formado por ex-integrantes da ARENA e dissidentes da direita do MDB, grupo este que ao formar-se "assumiu o papel de construir a transição pacífica", acabou, por vontade da maioria da direção do MDB, composta de democratas liberais, por fundir-se ao mesmo, assim dando origem ao PMDB, o Partido da "transição".
Neste periodo muitos integrantes da esquerda do MDB acabam migrando para os novos Partidos, para o PT, para o PDT e para o PSB, mas uma boa parte da esquerda do MDB continua dentro do PMDB, sendo os principais responsáveis pelas lutas pelas "Diretas já", pela "Constituinte Livre e Soberana", etc., mas posteirormente acabam sendo derrotados internamente, prevalece a ida ao Colégio Eleitoral, imposto pela ditadura.
Sarney veio depois com a aliança do Tancredo, direita do PMDB, com segmentos da ditadura, o que levou a vitória desta composição no Colégio eleitoral, pondo fim a ditadura política, mas não a ditadura econômica da exclusão social.
Quanto ao democratas populares que restam no PMDB, Requião é o que junto a poucas outras lideranças fazem ainda a diferença interna, pois posicionado mais a esquerda do que o Lula, continua a defender a posições nacionalistas e polulares, pois o resto, os "senhores da governabilidade", continuam mantendo o mesmo jogo, oligarquico e patrimonialista.
Dentro do PT o processo não é diferente, pois hoje também passa por uma crise de identidade, tal qual aos outros Partidos que que com ele compõem a Frente governista, neste quadro político que mais parece um cipoal cheio de enroscos.
O Brasil necessita de reformas estruturais profundas, de romper com a triste história imposta historicamente pelas oligarquias!
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