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Embargo a Cuba no fim

Por Pedro Luiz Rodrigues, via Cláudio Humberto

No início desta semana, no mesmo dia em que o governo cubano anunciou nova rodada de medidas de liberalização econômica – desta vez autorizando a criação de cooperativas independentes –, um primeiro sinal partiu da comunidade acadêmica dos EUA, em prol do fim do maior anacronismo da política externa internacional, o embargo norte-americano a Cuba, que está para cumprir seu 50º aniversário.

Doug Bandow , que foi assistente especial do ex-presidente Ronald Reagan e hoje é vinculado ao Cato Institute, escreveu artigo na conservadoríssima revista The National Interest (a mesma que publicou em 1989 o artigo O Fim da História?, que tornou célebre seu autor Francis Fukuyama) em que Bandow reconhece que o objetivo primordial da política americana em relação a Cuba, a liberação do povo cubano, não foi alcançado.

Mas uma ressalva deve ser feita. Diferente de Fukuyama, que se transformaria num neo-conservador, Bandow sempre rezou mais pela doutrina realista (que, aliás, foi marca predominante na administração Reagan).

E fazendo parte da intelectualidade vinculada ao Partido Republicano, pode propor o que seria muito difícil para qualquer Democrata (que seria imediatamente acusado de anti-americano): o fim das sanções contra Havana.

Bandow recorda os episódios que levaram Fidel Castro ao poder em Cuba, em 1959 e reconhece que o que aconteceu na pequena ilha teve sua importância ampliada pelas lentes da Guerra Fria.

Diante da nacionalização de empresas americanas pelo governo revolucionário cubano, os americanos reagiram com a redução das quotas de importação de açúcar da ilha. Mais adiante, outras medidas restritivas viriam a ser tomadas, como a proibição de viagens de cidadãos americanos a Cuba.

Na opinião de Bandow, a adoção de medidas restritivas só fizeram Cuba tornar-se mais dependente da União Soviética.

Mas o que é interessante, como registrou o acadêmico, é que o fim da União Soviética e o término da Guerra Fria não mudaram o comportamento dos EUA em relação ao pequeno vizinho.

Doug Bandow não usa meio-termos para dizer que a política dos EUA em relação a Cuba falhou: “o regime continua no poder e consistentemente usa o embargo para justificar suas próprias deficiências”.

Para o acadêmico americano, foi apenas por posar como o grande oponente do imperialismo ianqui que Fidel Castro conquistou sua reputação internacional: se ele tivesse sido ignorado por Washington, ele não teria passado de um obscuro chefete autoritário.

E agora, Obama?