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Em silêncio, Dilma assiste Lula fritar Levy

Em silêncio, Dilma assiste Lula fritar Levy

Ricardo Noblat

Afinal, quem preside o país? Quem manda no governo? O que Dilma tem a dizer sobre a investida renovada de Lula contra Joaquim Levy, ministro da Fazenda?

Até outro dia, Lula cobrava a demissão de Levy alegando que fracassara o ajuste fiscal por ele patrocinado. Mas o fazia com certa descrição, entre confidentes.

Lula perdeu a vergonha – se alguma vez a teve. Passou a exigir a troca de Levy por Henrique Mairelles, ex-presidente do Banco Central nos seus dois governos.

E mandou a discrição às favas. Ontem mesmo, em Brasília, reuniu-se com políticos de vários partidos e pediu o apoio deles para derrubar Levy.

Lula sabe que Dilma detesta Meirelles. Sabe que Meirelles é tão ortodoxo quanto Levy na condução da economia – portanto, não fará grande diferença.

E que Meirelles só aceitará suceder Levy se puder nomear toda a equipe econômica do governo – do presidente do Banco Central ao ministro do Planejamento.

Por estilo, Dilma não nomeia ninguém que deteste. Por temperamento, jamais faz todas as vontades de quem nomeou.

Então por que Lula insiste com Meirelles?

Primeiro para mostrar que quem manda no governo é ele. Já foi Dilma. Segundo porque quer ter homens seus em todos os postos importantes do governo.

São homens dele o atual chefe da Casa Civil da presidência da República, Jaques Wagner, e o ministro responsável pela coordenação política do governo, Ricardo Berzoini.

Na Fazenda, Meirelles daria um jeito para que a Receita Federal largasse os pés de Lula e dos seus filhos, suspeitos de enriquecimento ilícito.

No Ministério da Justiça, em substituição ao atual ministro José Eduardo Cardozo, uma pessoa de Lula tentaria enquadrar a Polícia Federal para que ela deixasse em paz a família Lula da Silva.

Levy é um ministro sem futuro no governo. Ele sabe disso. Mas o futuro ministro da Fazenda não deverá ser Meirelles. Salvo se Dilma, na prática, desistir de vez de comandar o governo.