Em recado ao Planalto, o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), disse que trabalhará para o PMDB viabilizar a criação de uma nova CPI sobre a Petrobras. A reação ocorre após a divulgação de que investigados no esquema o apontaram como destinatário de recursos. Ele nega e diz que rivais tentam atingir sua candidatura à presidência da Câmara. As informações são da Folha de S. Paulo.
A CPI faz parte de uma lista de propostas incômodas ao governo que o PMDB, maior aliado de Dilma Rousseff, mas insatisfeito com o tratamento palaciano, promete aprovar. Outras são o aumento do salário mínimo de R$ 788 para R$ 790 e a derrubada definitiva do decreto que valoriza os conselhos populares.
Com 66 deputados, o PMDB será a maior bancada da Câmara. Passará o PT, que elegeu 69, mas ficará com 63 por causa da saída de alguns para cargos estaduais e federais. A principal preocupação do governo no Congresso é com os desdobramentos da Operação Lava Jato, que apura desvios na Petrobras. Uma nova CPI ampliaria o desgaste da estatal e do governo.
Na reforma ministerial, Dilma loteou a composição dos ministérios para reforçar o controle de sua base.
Irritado, Cunha falou em CPI independentemente do resultado da eleição para o comando da Câmara: “Se antes já achava inevitável a nova CPMI, agora tenho certeza absoluta que com nosso total apoio ela será instalada”.
O ministro Pepe Vargas (Relações Institucionais) respondeu: “Entendemos que em um país que tem um Ministério Público que atua, que tem uma Controladoria-Geral da União que atua, que tem um Judiciário que atua e uma Polícia Federal que atua, isso é muito mais eficiente e não há necessidade de CPI”.
O Ministério Público Federal vai pedir ao STF (Supremo Tribunal Federal) para investigar Cunha. Ele foi citado pelo doleiro Alberto Yousseff e pelo policial Jayme Alves de Oliveira Filho, o Careca, ambos presos na operação.
Em novembro, a Folha mostrou que o policial teria transportado ao menos R$ 13 milhões para o doleiro. Em sua fala, Jayme ainda envolveu o senador eleito Antonio Anastasia (PSDB-MG), afirmando que teria repassado R$ 1 milhão ao tucano, em 2010, a mando de Yousseff.
O PSDB rechaçou a acusação. Anastasia se disse “tomado de forte indignação” e “revoltado”. “Não sei o motivo de tal inverdade, mas sem dúvida misturar falsidades com fatos verdadeiros possa ser uma estratégia dos culpados”, afirmou.
O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), saiu em defesa do afilhado político, classificando a acusação de “falsa” e “covarde”. “Se o objetivo dessa farsa é intimidar e constranger a oposição, informamos que o efeito será justamente o contrário: o PSDB redobrará os esforços no sentido de continuar exigindo uma profunda e isenta investigação.”
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