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Em Londrina, trabalhadores do transporte coletivo ameaçam parar

Por Davi Baldussi, na Folha de Londrina:

José Alves Dias lembra até do dia que começou a trabalhar como cobrador: ”27 de abril de 1985, é uma vida, foi praticamente minha primeira profissão, pois trabalhava na roça antes”. Apesar do longo tempo de serviço, Dias não está muito preocupado caso perca seu emprego. ”Eu já estou aposentado, se me mandarem embora não faz diferença. Quem está preocupado são os mais novos, que começaram há pouco tempo e têm família para sustentar”, disse.

Dias é uma exceção entre os trabalhadores de transporte coletivo de Londrina, que decidiram ontem após três assembleias protestar e paralisar o serviço durante um dia caso cobradores sejam retirados de linhas de ônibus na cidade.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Londrina (Sinttrol), João Batista da Silva, afirmou que vai entrar com medida judicial inibitória para que as empresas Grande Londrina (TCGL) e Londrisul ”se abstenham” de retirar os profissionais das linhas de ônibus. A concessão deste direito às empresas responsáveis pelo transporte coletivo em Londrina é dada pela Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU).

Segundo Silva, existem cerca de 500 cobradores atuando em Londrina. Faz seis meses que Rodrigo Terra é um deles. ”Se estou preocupado? Quem não fica? Cobrador também tem família”, comentou. Motorista de ônibus há 19 anos, Paulo Roberto, também não aprova a medida. ”Vai acumular para o motorista. Já trabalhei sem cobrador e estressa mais”, comentou. Além dos trabalhadores, os usuários de transporte coletivo também não são favoráveis à retirada dos profissionais. Para a estudante Amandha Teodora, que utiliza o serviço diariamente, ”vai acabar atrasando mais ainda os ônibus”.

O presidente do Sinttrol não acredita que as empresas vão realocar cobradores para outras funções. Para ele, não há meios de evitar o desemprego. ”Vão transformar o cobrador em motorista ou no administrativo. E o motorista e a pessoa que trabalha no administrativo, que vai acontecer com eles?”, questionou. Segundo Silva, a tarifa também não será reduzida. ”Em Maringá e Sorocaba não existem cobradores e, mesmo assim, a passagem ficou mais cara.”

De acordo com com presidente da CMTU, André Nadai, nenhuma empresa terá autorização para efetuar a retirada de cobradores de forma autônoma. ”A CMTU vai fazer estudos técnicos em algumas linhas que tenham uma demanda muito baixa e nada vai acontecer da noite para o dia.” Nadai acrescentou que a retirada de cobradores tem ocorrido desde 2006. Por outro lado, Silva afirmou que ”aceitamos a retirada de cobradores de micro-ônibus em linhas de noite, feriados e finais de semana, mas além disso não vamos aceitar”.