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Em delação, Funaro relata como recebia dinheiro de Joesley Batista

Em depoimento a procuradores do Ministério Público Federal, o corretor de valores Lúcio Funaro, tido como operador do PMDB, relata como repassava a propina que ele diz que recebia do empresário Joesley Batista, sócio do grupo J&F, a lideranças do partido.

A Folha teve acesso à gravação em vídeo do depoimento prestado por Funaro à PGR (Procuradoria-Geral da República) no dia 23 de agosto deste ano. O acordo de colaboração foi homologado pelo ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Segundo o delator, Joesley supostamente pagou propina para obter crédito do FI-FGTS para a Eldorado Celulose, empresa do grupo J&F.

“Eu tinha uma conta interna com ele, ele me creditou na conta corrente o valor da propina”, contou Funaro. O acerto, disse, teria ocorrido na sala do empresário na sede da J&F em São Paulo.

NOTAS FISCAIS

O operador relata que “95% do que recebi de Joesley foi através da emissão de notas fiscais”, emitidas por uma de suas empresas.

Quando não usava esses recibos, Funaro pagava boletos de supermercado ou de contas “que um doleiro que se chama Tony” o mandava.

“Ele cobrava um percentual e me entregava em dinheiro vivo. O dinheiro chegando na minha mão, eu distribuía para quem eu tinha que pagar —que, nesse caso, era o Eduardo Cunha”, ele depôs.

Cunha, diz Funaro, “fazia o repasse para quem era de direito dentro do PMDB, as pessoas que apoiavam ele [no partido”.

O delator citou como supostos destinatários do dinheiro que passava por Cunha o ex-deputado e ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e o presidente Michel Temer.