por Cristina Rios, na Gazeta do Povo
Há 20 anos, Marco Antonio Franzato desistiu de um emprego de contador em uma fábrica de doces e juntou o dinheiro da venda de um Monza com as economias da esposa e de dois cunhados para abrir uma pequena confecção em Cianorte, no Noroeste do Paraná. Com um capital inicial de US$ 24 mil, Franzato e os sócios começaram a pôr em prática o sonho de tornar a Morena Rosa uma das principais empresas de moda do Brasil.
Da produção simples, de 500 peças por mês e apenas quatro máquinas de costura, a empresa se tornou uma das três maiores do seu setor no país. Emprega 2,2 mil pessoas, produz 350 mil peças por mês e se prepara para dar passos mais ousados. Negocia a aquisição de uma empresa do setor, quer romper a barreira de R$ 1 bilhão em faturamento em cinco anos e abrir capital, lançando ações na Bolsa de Valores.
Franzato, que nasceu em Catanduvas (SP) e veio para o Paraná com três anos, chegou a trabalhar como boia-fria em lavouras de café, auxiliar de escritório, cobrador e até os 15 anos só tinha estudado até a quarta série. Mas fez supletivo e se formou em Administração e Direito.
Apesar do início simples, a Morena Rosa teve uma ascensão meteórica. “Nunca deixamos de crescer. Fomos dobrando de tamanho ano a ano”, conta Franzato. A visibilidade da empresa aumentou consideravelmente quando passou a apostar no público A e B, com a contratação de top models como Naomi Campbell, Isabeli Fontana e Carol Trentini e a atriz Sarah Jessica Parker como garotas-propaganda.
O desempenho acima da média do setor atraiu o badalado fundo de investimentos Tarpon – com histórico de participação em empresas como BR Foods, Hering, Marisa e Arezzo –, que entrou no capital da companhia em março de 2012. O fundo pagou R$ 240 milhões por 60% da empresa. Os 40% restantes estão nas mãos dos fundadores originais, que continuam à frente do negócio, mas Franzato negocia a compra da parte dos cunhados no grupo.
A empresa espera um crescimento de 17% em receita em 2013, para R$ 370 milhões. A meta é chegar a R$ 1 bilhão em cinco anos e, nesse período, se preparar para a abertura de capital. “Já estamos nos estruturando nesse modelo, com práticas de governança corporativa”, diz Franzato, que, aos 53 anos e uma rotina de trabalho de 12 horas por dia, quer ter mais tempo livre. O filho Lucas, 23, é um dos diretores da empresa e está sendo preparado para assumir o comando.
Até o próximo ano, Franzato espera fechar a aquisição de uma empresa de moda feminina. Em 2009, a Morena Rosa já havia comprado a grife infantojuvenil Joy.
Maioria dos designers é “da casa”
A Morena Rosa tem 14 fábricas, a maioria na região de Cianorte, de onde sai boa parte da produção de 350 mil peças por mês. Atualmente 45% da produção é feita por terceiros e, segundo Franzato, o objetivo é aumentar essa participação para 60% nos próximos anos. A atividade da empresa gera 3 mil empregos indiretos.
Uma equipe de 90 pessoas trabalha na criação das roupas da marca, a maioria gente que começou na própria empresa. Da mesa dos designers saem os modelos que serão montados em formato piloto e depois serão confeccionados pelas costureiras. Cada marca lança em média cinco coleções por ano. Depois de produzidas, as peças são conferidas e passadas, embaladas e seguem para o centro de distribuição da empresa, conta Keila Machado, encarregada de produção.
Um novo centro de distribuição, inaugurado há quase um ano, com recursos de R$ 4 milhões e que funciona em uma área de 7 mil metros quadrados em Cianorte, contribuiu para manter a agilidade de entrega mesmo com o crescimento da empresa.
Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo
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