A política às vezes produz cenas que conspiram contra todas as teses.
Vejam o caso do vereador Gêra Ornelas (PSB), que aparece em um vídeo despachando no gabinete vestindo apenas cueca samba-canção.
A peça foi veiculada pelo diário mineiro ‘Hoje em Dia’.
O socialista Gêra é acusado de socializar o salário de um assessor. O contracheque era de R$ 3.000. Mas o funcionário recebia apenas R$ 600.
Segundo disse o servidor ao Ministério Público, a diferença era, por assim dizer, expropriada pelo vereador.
Abespinhado, o servidor entregou à Promotoria o vídeo da cueca. Na peça, disponível lá no alto, aparece também uma mulher.
A certa altura, o vereador Gêra, ainda vestido, acaricia os cabelos da visitante. Depois, já de cuecas, camufla a câmera filmadora com uma caixa de papelão.
O Ministério Público obteve a quebra do sigilo bancário do vereador. Detectou depósitos de R$ 690 mil de origem não explicada.
A ação criminal movida contra Gêra foi indeferida pela Justiça. Alegou-se falta de provas. A Promotoria recorreu. A ação por improbidade, aguarda julgamento.
Quanto ao vídeo, a Mesa Diretora da Câmara representou contra o vereador. Pediu à Corregedoria que apure os fatos.
Ouvido, o advogado do vereador, Antonio Patente, disse que a Justiça já o absolveu “absolveu” na ação criminal. Acha que a outra ação também será arquivada.
Sobre o vídeo, o doutor Patente disse que foi gravado entre 2003 e 2004. Alega que a coisa aconteceu no escritório de campanha, não no gabinete de seu cliente.
Por isso, sustenta o advogado, o vereador não pode ser acusado de afrontar o decoro parlamentar.
Nelson Rodrigues escreveu: “Se alguém me perguntasse o que há de mais patético no ser humano, daria a seguinte resposta fulminante: a nudez.”
O cronista arrematou: “Para mim, não há nudez intranscendente”. O vídeo que exibe a seminudez do vereador dá-lhe razão. Patético.
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