Está enganado quem pensa que os recentes episódios envolvendo o nobre bairro do Batel, em Curitiba, são novidades. Em uma pesquisa pelo acervo de 90 anos do jornal Gazeta do Povo, Cleverson Lima, colaborador do blog, descobriu que já na década de 1920 os moradores do bairro “chic” já reclamavam.
Mas diferente de calçadas de granito ou preservação da Praça do Japão, a Gazeta do Povo, em sua edição de 30 de abril de 1925, nos conta que a briga da burguesia do Batel se dava ao fato de diversas cabras andarem soltas pelas ruas destruindo os belos jardins dos palacetes da região. Confira a reportagem na grafia da época:
O baîrro chic reclama!
As cabras, desespero do Bate’l…
Não sabiamos nós da história. E nem podiamos imaginar que o elegante e principesco Batel das vivendas modernas, onde a arte dos nossos architectos exgotta-se em requintes de bom-gosto e requeza – como já nol-o disse o dr. Fernando Chavez, o nosso conhecido engenheiro dos “bungalovvs” – fosse a victima escolhida de uma nova praga, mil vezes peior que as sete – as sete reunidas! – do velho Egypto.
– Tanto assim, dr. Seraphim?
E o dr. Seraphim França, – pois era elle, contava-nos a longa história numa roda de amigos, exaltando-se entre gesticulações sublinhados por aquella sua bengalinha de cipó magrioella…
Era um absurdo. Talvez fossem centenas. Talvez em maior número, as cabras que andavam soltas no Batel, invadindo os quintaes, destruindo os jardins, retalhando as próprias arvores da rua!
-Um inferno, um legitimo inferno! E naturalmente as posturas municipaes prohiben a desfaçatez com que aqueles caprinos convertem o bairro chic numa zona rustica e agreste!
Estavamos presentes e concordamos em tocar no assumpto pelo jornal, chamando a attenção de quem de direito.
Deixe um comentário