A agropecuária do Paraná cresceu 7,4% no segundo trimestre de 2015, na comparação com o mesmo período do ano passado, e evitou uma retração maior da economia do Estado. O Paraná seguiu a conjuntura nacional e registrou uma queda de 1,2% no seu Produto Interno Bruto (PIB) de abril a junho, em relação ao mesmo intervalo do ano passado, de acordo com cálculo do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social (Ipardes).
No Brasil, a retração do PIB foi ainda mais expressiva, de 2,6% na mesma base de comparação, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira (28).
O desempenho do campo paranaense ajudou a compensar, em parte, a desaceleração da indústria, que registrou queda de 1,7%, e do setor de serviços, com retração de 2,2%.
A produção recorde de grãos, especialmente da soja, o avanço do setor de carnes, com o aumento do abate frango e de suínos, contribuíram para o resultado positivo do campo.
A agropecuária responde, em média, por 9% do PIB do Paraná. Em termos nacionais, a agropecuária cresceu bem menos do que no Estado. No segundo trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, a alta foi de 1,8%.
“A agropecuária, mais uma vez, está salvando a lavoura e fazendo o Paraná ter um resultado mais positivo se comparado à conjuntura nacional”, diz Julio Suzuki Junior, diretor presidente do Ipardes.
A maioria dos Estados vêm sofrendo os efeitos da crise nacional sobre suas economias. São Paulo, por exemplo, teve uma queda de 5% no seu PIB no segundo trimestre, em comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com dados divulgados pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade).
SEMESTRE – No acumulado do primeiro semestre, a economia do Paraná também teve um desempenho menos ruim do que o nacional. Nos primeiros seis meses do ano, o PIB do Estado registrou queda de 1,1%. No Brasil, o recuo foi quase o dobro, de 2,1%. No período, a agropecuária registrou um avanço de 6,8%, indústria (-3,8%), serviços (-1,6%) no Estado.
O Ipardes não calcula resultados do Paraná com ajustes sazonais ( segundo trimestre em relação ao primeiro trimestre de 2015). Nessa comparação, a economia brasileira caiu 1,9%.
MELHORA – Para Julio Suzuki, a indústria do Estado, embora ainda afetada pela crise, dá sinais de que está deixando o fundo do poço. “O que se observa, ao analisar os dados, é que o pior período foi no primeiro trimestre. A queda do setor perdeu força. Isso pode indicar uma melhora nos próximos meses”, disse ele.
Mas o setor de serviços permanece como foco de atenção, porque há um recuo do consumo das famílias. A combinação de inflação alta (que corrói renda) e aumento do desemprego provocou uma queda na demanda.
BRASIL – Os números divulgados pelo IBGE mostram um aprofundamento da retração econômica brasileira. A sequência de dois trimestres seguidos de retração do PIB colocou o País no que os economistas chamam de recessão técnica.
No segundo trimestre na comparação com o mesmo período do ano passado, todos os elementos que fazem parte do PIB do Brasil tiveram queda. O investimento, nessa base de comparação, caiu 11,9%, seguido pelo consumo das famílias (-2,7%) e pelo consumo do governo (-1,1%). “Em termos nacionais, cresce a chance de se confirmar o prognóstico de que o Brasil caminha para dois anos (2015 e 2016) de retração da sua economia”, acrescenta Suzuki Junior.
Ajuste Fiscal no Paraná terá impacto positivo
O ajuste fiscal implantado pelo Governo do Paraná e a recuperação da capacidade de investimento devem ajudar a atenuar o impacto da crise econômica no Estado. O Paraná foi um dos primeiros Estados a fazer a sua parte no ajuste, com corte de gastos e reorganização financeira, o que deve fazer com que ele consiga colher os frutos antes dos demais, na opinião de Julio Suzuki Júnior, diretor presidente do Ipardes.
“Não é possível ignorar a crise nacional, mas medidas como essas servem de exemplo e tem um impacto positivo”, acrescenta.
Ao recuperar a capacidade de investimento, o Paraná estimula a geração de emprego e renda, o que impulsiona o consumo.
“Em um segundo momento, quando as obras ficam prontas, elas melhoram a infraestrutura e aumentam a competitividade do setor privado, com efeito positivo sobre a economia como um todo”, finaliza.
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