De Josias de Souza, na Folha Online:
Joaquim Roriz (PSC) –ou o que restou dele— está de volta. Prepara-se para retomar a carreira política do zero. Vai disputar a prefeitura de Luziânia (GO), sua cidade natal.
O retorno de Roriz desafia a Lei da Ficha Limpa e o bom senso. Ostenta condições físicas que ornam mais com o pijama do que com os desafios de um prefeito.
Entrado em anos, Roriz, 75, enfrenta um problema renal que o obriga a submeter-se a três sessões semanais de hemodiálise.
Porém, a despeito da saúde frágil e de um pegajoso rastro de processos judiciais, Roriz vestiu-se de candidato, informa o repórter Raphael Di Cunto.
Vizinha do Distrito Federal, a 55 km do centro de Brasília, Luziânia é o berço político de Roriz. Deu-lhe, em 1972, um mandato de vereador, o primeiro de sua carreira.
Depois disso, Roriz foi deputado estadual e deputado federal por Goiás. Fez-se prefeito de Goiânia. Governou Brasília quatro vezes. Elegeu-se senador.
No ano passado, quando tentava retornar ao governo da Capital da República, foi abalroado pela Lei da Ficha Limpa.
A Justiça Eleitoral enquadrou-o no artigo da lei que torna inelegíveis os políticos que renunciaram ao mandato para fugir de processos de cassação.
Em 2007, pilhado num grampo telefônico que revelou diálogos vadios que mantivera com o empresário Nenê Constantino, Roriz renunciara ao mandato de senador.
Em recurso ao STF, tentou livrar-se da lei que exigia dos candidatos prontuário higienizado. O Supremo serviu a Roriz um empate –cinco a cinco.
Antes que o mérito da causa fosse julgado, Roriz renunciou à candidatura. Acomodou na vaga a mulher, Wesley, que se revelou um fiasco.
Nas pegadas do caso Roriz, o STF decidiu que a Lei da Ficha Limpa não valeu para 2010. Há dúvidas quanto à validade para 2012 e 2014.
Jader Barbalho (PMDB-PA), barrado pelo mesmo artigo em que se enroscara Roriz, ganhou do STF o direito de assumir a cadeira de senador conquistada em 2010.
Embora multiprocessado, Roriz não carrega sobre os ombros nenhuma condenação de segunda instância. Por isso, imagina-se em condições de retomar a carreira.
O retorno às origens não parece constrangê-lo. Em entrevista a ‘O Repórter’, diário de Luziânia, Roriz deu a entender que vê na prefeitura local é apenas um novo degrau:
“Ser prefeito da minha cidade natal é o coroamento da minha vida pública. Mas é muito difícil encerrar a política. E eu ainda quero trabalhar para promover uma vida melhor para as pessoas.”
Roriz não está só. Longe disso. Apoiam-no Marconi Perillo (PSDB) e Iris Rezende (PMDB) –respectivamente governador e ex-governador de Goiás.
Também dá suporte à pretensão de Roriz o atual prefeito de Luziânia, Célio da Silveira (PSDB). No exercício do segunto mandato, Célio não pode disputar a reeleição.
Considerando-se as origens e a multiplicidade de apoios, a menos que a Justiça Eleitoral o impeça, Roriz vai às urnas municipais com cara de imbatível.
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