Do blog do Fábio Campana
O prefeito e candidato à reeleição Luciano Ducci concedeu entrevista ao site G1. A entrevista é parte de uma série organizada pelo site de notícias. Todos os candidatos à Prefeitura de Curitiba terão vez até o dia 30 de julho.
O site fez questionamentos ao prefeito sobre trânsito, greves, educação, habitação, saúde, segurança, meio-ambiente, turismo e cultura. Ducci, falou muito do trabalho atual, exaltou o mandato e expôs propostas de campanha na tentativa emplacar o clima de continuidade.
No leia mais está a íntegra da entrevista do G1.Entrevista de Bibiana Dionísio e Fernando Castro, G1 PR, foto de Fernando Castro/G1:
Concorrente à reeleição, o prefeito Luciano Ducci (PSB) formou a maior coligação da disputa, englobando 15 partidos (PRB/PP/PSL/PTN/PPS/DEM/PSDC/PHS/PMN/PTC/PSB/PRP/PSDB /PSD/PTB) na chapa “Curitiba Sempre na Frente”.
Na entrevista ao G1, o candidato buscou exaltar o trabalho feito à frente da prefeitura nos pouco mais de dois anos de mandato, conquistado após a saída do ex-prefeito e atual governador, Beto Richa (PSDB), em março de 2010. Antes disso, ele foi vice-prefeito e secretário municipal de saúde desde o início do primeiro mandato de Richa, em 2005.
Trânsito – Questionado sobre como pretende cumprir, na prática, a meta do Plano de Governo de “facilitar a acessibilidade e a mobilidade em todas as regiões de Curitiba”, Ducci elencou obras viárias que vêm sendo realizadas e planejadas para a cidade, como o chamado “Anel Viário”, o“Viaduto Estaiado”, e intervenções na Linha Verde e em regiões como o Umbará e Orleans.
“Depois nós temos a área da inteligência do trânsito. Nós estamos investindo bastante no acompanhamento do trânsito em tempo real, então nós temos a Central de Controle de Operações da prefeitura”, acrescentou o candidato, que pretende ampliar o sistema até o final de 2012.
Sem vilanizar o carro, ele também aposta na melhoria do transporte coletivo como alternativa de mobilidade, com os desalinhamentos das linhas biarticuladas Santa Cândida-Capão Raso e Centenário-Campo Comprido até 2013, além da criação de faixas exclusivas para a linha Inter 2. “É uma linha que transporta mais de 80 mil passageiros”, justificou.
Neste processo, Ducci aposta na construção do metrô, com início previsto para o final de 2012, como aliada importante. O projeto com recursos aprovados prevê, por ora, apenas a construção da linha “CIC-Nicola Pelanda-Pinheirinho-Centro”, com 14 km de extensão e abrangendo a região sul. “Nós já temos outra etapa do projeto pronta, que é a parte do Centro da cidade, da estação Flores até o Santa Cândida”, revelou, mas sem precisar prazo para viabilização.
Segundo o prefeito, o metrô poderá, a longo prazo, ser estendido inclusive para a Região Metropolitana de Curitiba (RMC), à qual Ducci acredita que o transporte da capital esteja bem integrado.
“Hoje, 75% de todos os passageiros que circulam da RMC para Curitiba o fazem dentro de um sistema integrado”, garantiu. Ele prevê incremento do percentual, mas disse precisar do auxílio de outras esferas para não onerar a tarifa dos curitibanos. “Os avanços também dependem muito da parceria com o governo do estado e com a participação efetiva de recursos novos. Não por parte da prefeitura, mas por parte dos outros municípios”, condicionou.
Sobre a integração entres as linhas, Ducci afirmou ser reticente com o “sistema remoto”, como o aplicado em São Paulo, onde o usuário pode trocar de linha no período de duas horas sem pagar nova tarifa. Apesar de sistema semelhante existir no Caiuá e no Santa Cândida, com estudo de novas demandas em andamento, o prefeito defende que 97% do transporte coletivo é integrado atualmente.
“Nós não podemos pensar em integração remota em todos os pontos. Diferente de São Paulo, Curitiba tem um sistema de transporte público organizado”, comparou.
Formas sustentáveis de transporte também fazem parte dos planos do prefeito, que destaca a implantação do ônibus híbrido-elétrico ainda em agosto. “É a primeira linha da América Latina (…) não é um protótipo, e sim linhas de ônibus funcionando”, garantiu.
Apesar de críticas sobre as ciclofaixas construídas, Ducci garante que o segmento deve receber atenção . “Nós temos hoje um investimento que vem sendo feito e as pessoas não percebem. Muita gente anda de bicicleta, e as pessoas que mais vocalizam a situação são as pessoas que mais andam região central da cidade”, se defendeu, citando ciclovias construídas e recuperadas em regiões como o Umbará, Ganchinho, Bairro Novo, Xaxim, Carmo, Boqueirão, Orleans, São Lourenço, Cidade Industrial, Linha Verde e Atuba.
Greves – Perguntado sobre o relacionamento com os servidores municipais, já que houve pelo menos cinco greves importantes nos últimos dois anos (servidores da saúde, professores,transporte coletivo, coleta de lixo e cirurgiões dentistas), Ducci preferiu não polemizar.
Sem entrar no mérito de cada reivindicação, o prefeito valorizou os reajustes salariais das categorias. “Eu vejo que ao longo desse período de dois anos e pouco, mesmo com todos esses movimentos dos servidores, nós tivemos grandes avanços, avanços que não tinham acontecido em outros anos”, garantiu.
Educação – Em 2011, o Ministério Público Estadual divulgou dados que mostravam déficit de 23 mil vagasnas creches de Curitiba. A prefeitura contestou o número, afirmando que seriam 9.285 crianças na espera por uma vaga. Foi efetuado, então, um acordo para que o número alegado fosse zerado. De acordo com o prefeito, ao final dos quatro anos de mandato Richa/Ducci (2009-2012), terão sido criadas cerca de dez mil vagas, mas ainda haverá déficit.
“Ainda fica um remanescente em termos de fila de sete mil vagas necessárias, que devem ser criadas, no caso, na nossa próxima gestão”, previu. Para sanar o problema ele citou a construção de novas unidades em regiões de expansão como o Ganchinho e o Tatuquara.
Mesmo com a falta de vagas, Ducci defende a educação oferecida pela prefeitura citando que a cidade possui o melhor desempenho nacional no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Ele aposta na qualificação dos docentes e na expansão do ensino integral e do contra turno como alternativas de melhora do sistema. “Nós investimentos quase 27% do nosso orçamento na área da educação”, ressaltou.
Habitação – Durante a convenção que oficializou a candidatura à reeleição, Ducci afirmou que a questão da moradia seria prioritária em um futuro governo. Ele diferencia o problema das pessoas que moram em regiões de risco social, como beira de rios, daquelas 75 mil que aguardam para conseguir o próprio imóvel na fila da Companha de Habitação (Cohab).
“Para se ter uma ideia, nós já entregamos ao longo da nossa gestão 21 mil moradias, sendo 10 mil para pessoas que moravam na beira de rios. A prioridade é tirar as sete mil pessoas que ainda estão morando na beira de rios”, afirmou, lembrando ainda da regularização fundiária de 18,5 mil moradias.
Ele se defende de problemas como a falta de qualidade na construção de algumas residências, como na Vila Osternack, onde cerca de 400 casas entregues há menos de três anosapresentaram problemas de estrutura, afirmando que a responsabilidade é da iniciativa privada.
“Toda moradia tem um seguro e uma garantia, e cabe ao morador, à própria prefeitura e à Caixa Econômica Federal (CEF) acionar a empresa para que providencie, nestes casos específicos, a recuperação daquilo que não foi bem feito”, explicou. Ele diz que alguns contratos foram rescindidos, mas que se trata de um problema burocrático grande.
Questionado sobre a recente morte de moradores de rua e sobre projetos para retirada destas pessoas de situação de risco, Ducci afirmou que se trata de situação delicada. “Primeiro de tudo, morar na rua é uma opção de vida de muitas pessoas. Você não pode simplesmente retirar aquela pessoa da rua e colocá-la de forma obrigatória em uma chácara, sem a vontade da pessoa”, disse.
Ele citou, contudo, iniciativas da Fundação de Ação Social (FAS) para resgate e inclusão social destas pessoas, e acusou outras prefeituras de trazer moradores de rua para Curitiba. “A gente tem feito um trabalho de acompanhamento, mas não depende só da prefeitura”, justificou.
Saúde – Ducci reconhece que o álcool e as drogas contribuem com os problemas dos moradores de rua, e disse haver programas específicos para este tratamento em andamento. Após uma identificação destas pessoas, já realizada, a FAS e a secretaria municipal de saúde oferecem alternativas para aqueles que desejam retomar uma vida normal, garante o prefeito.
Além disso, ele afirma que os serviços dos Centros de Atendimento Psicossocial (Caps) estão em processo de ampliação para internamentos 24 horas, e que 450 vagas foram criadas em comunidade terapêuticas nos últimos anos.
Sobre o problema recorrente da demora no atendimento aos pacientes nas unidades de saúde (em média de quatro a cinco horas), Ducci elencou diversos fatores, como a modalidade de prioridade dos pacientes adotada.
“Se você chegar em uma unidade 24 horas enfartado, ou com derrame, ou com uma situação aguda, você é atendido rapidamente. Se você chegar com um quadro viral, um quadro leve, você demora mais para ser atendido”, explicou o prefeito.
O atendimento de pessoas da RMC, que segundo Ducci chega a 50% em determinadas unidades de saúde, também contribui para a demora, além da falta de médicos registrada em determinados momentos.
“Nós tivemos um momento mais complicado, em abril e maio deste ano, em um momento de transição do sistema, aonde nós tivemos dificuldades maiores, faltaram médicos nos atendimentos das unidades 24 horas, mas que já foi totalmente superado”, garantiu. Ele reconhece, contudo, que a contratação dos 600 médicos, já em atividade, não deve ser suficiente para resolver o problema.
“Acho que não vai solucionar, vai melhorar. Você nunca vai conseguir solucionar porque a demanda na área da saúde é sempre crescente”, justificou.
Essa melhora, de acordo com o prefeito, se dará através da aquisição de equipamentos, como raios-x digital e odontológico, de telemedicina e a construção de novas unidades e hospitais.
Um pronto-socorro deve ser construído na região norte, duas novas unidades 24 horas devem sair no Tatuquara e na região central, e unidades básicas estão previstas para o Jardim Aliança, Coqueiros, Xaxim e Sabará.
Segurança – Ainda que a questão de segurança pública seja de responsabilidade do estado, Ducci garante que se preocupa em realizar ações em parceria com o governador Beto Richa (PSDB) para melhorar os índices de violência.
Um levantamento do Instituto Sangaris, realizado em 2011, mostra que Curitiba é a sexta cidade do país com mais homicídios, e a primeira da região Sul. “Infelizmente ao longo dos últimos anos houve um desinvestimento em segurança. Para ter uma ideia, o efetivo de policiais civis do Paraná é igual ao de Santa Catarina, e Santa Catarina tem a metade da nossa população”, lamentou.
O prefeito diz que pretende complementar as instalações das Unidades Paraná Seguro (UPS) e módulos policiais com a instalação de câmeras de segurança. “Até o final do ano teremos 150 câmeras de segurança espalhadas pela cidade. Até a Copa do Mundo devem ser 450 e mais as 630 nos nossos terminais e estações tubo que se somam a uma grande rede de segurança”, anunciou.
Meio-ambiente – Enquanto o processo licitatório para a construção de uma usina de tratamento do lixo segue emperrado na Justiça, Ducci disse que outras medidas vêm sendo tomadas para que Curitiba siga como referência na separação e destinação do lixo mesmo diante do aumento de volume.
Ele cita os barracões do “Eco Cidadão”, que devem chegar a 19 até o final do ano. “Isso faz com que as pessoas que coletam lixo reciclável possam, ao invés de deixar na sua casa, ter barracões para fazer um trabalho um processamento industrial”, explicou.
Devem ainda ser adquiridos 504 carrinhos elétricos e mais 420 carrinhos normais para incrementar a coleta, somando-se ao já construído aterro sanitário em Fazenda Rio Grande, na RMC.
Turismo e Copa 2014 – Mesmo que apenas uma das 14 obras previstas para a Copa do Mundo de 2014 esteja pronta (ampliação estacionamento do Afonso Pena), Ducci se diz otimista para a conclusão de todas as intervenções até dezembro de 2013. Ele aposta no evento e principalmente no turismo de negócios para alavancar o setor em Curitiba.
O prefeito afirma que antigamente Curitiba era apenas uma cidade de passagem para turistas, o que vem sendo mudado nos últimos anos. “Em dia de frio você vê os ônibus de turismo praticamente sempre lotados, os restaurantes também, vem muita gente de fora”, ressaltou.
Cultura – A descentralização da cultura em Curitiba é a aposta do prefeito para seguir ampliando o setor. Ele lembra de eventos como a Virada Cultural, o Mia Cara Curitiba e a construção do Portão Cultural como símbolos do avanço cultural da cidade.
“Tem muita gente que só vê a questão a cultura localizada na região central da cidade. Se você for para uma regional e vir as ações da Fundação Cultural, vai ver que os eventos que acontecem são intensos nos finais de semana”.
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