Um dos sócios do laboratório Labogen Leonardo Meirelles disse hoje (2), em depoimento no Conselho de Ética da Câmara, que Alberto Youssef, preso durante a Operação Lava Jato, não tem participação societária na empresa. Ele admitiu, porém, que o doleiro aplicou R$ 3 milhões, no período de três anos, como um dos investidores na construção da nova fábrica da Labogen, concluída em fevereiro deste ano.
“Youssef nunca foi meu sócio e não é meu sócio”, destacou. Meirelles admitiu ainda que, entre 2009 e 2011, o doleiro usou a conta do laboratório para operações com empresas estrangeiras. Ele assumiu também que Youssef recebia comissão equivalente a 1% dos negócios fechados. A declaração foi dada alguns minutos depois de o sócio ter declarado que a empresa ficou fora de atividade entre 2008 e 2010. “Fiquei sem atividade, mas tinha outros negócios.”
Segundo ele, a empresa mantinha operações de exportações mesmo antes de conhecer Youssef. “Importava insumo farmacêutico. Importei e vendi para terceiros”, explicou. “O conheço [Youssef] há quatro anos e ele sabia desse projeto e estava em busca de investidores e em determinado momento nos apresentou um grupo de investimentos.”
Ao ser perguntado pelo relator do processo que investiga a relação entre o deputado André Vargas (sem partido-PR) e Youssef, deputado Júlio Delgado (PSB-MG), sobre o objetivo do doleiro no uso da conta da empresa, Meirelles se recusou a responder. Orientado pelo advogado, o sócio da Labogen não assinou o termo de compromisso que o obrigava a responder todas as perguntas feitas no colegiado antes do depoimento começar.
Meirelles é réu em oito processos na Justiça de Curitiba a respeito dos assuntos relacionados à representação analisada no Conselho de Ética da Câmara. O Conselho de Gestão da Labogen se reunia todas as segundas-feiras. Meirelles afirmou que Youssef participou de alguns encontros, mas apenas como investidor.
A Polícia Federal (PF) investiga se o laboratório é uma empresa de fachada do doleiro. Vargas é acusado de atuar em favor do Labogen na assinatura de um contrato de cinco anos com o Ministério da Saúde que previa investimento de mais de R$ 130 milhões.”Nunca houve acerto financeiro com o parlamentar”, assegurou Meirelles, afastando as suspeitas de que Vargas se beneficiou do negócio.
O dono da empresa reconheceu, porém, que Vargas intermediou o contato da Labogen com o Ministério da Saúde. “A tratativa foi com deputado para quem coloquei que era um bom projeto para o país e que tínhamos condições de fazer dentro do prazo e fomos encaminhados para Secretaria de Insumos Estratégicos do ministério”, explicou.
Segundo ele, o contato com o secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha, e o então ministro da Saúde, Alexandre Padilha, só ocorreu durante a assinatura do contrato. Os ajustes, segundo Meirelles, foram tratados por Marcos Moura, contratado em dezembro de 2013 como assessor de Assuntos Institucionais da pasta, em Brasília.
Meirelles informou que a Labogen é uma empresa operacional atualmente, com um passivo de R$ 24 milhões. A dívida da empresa quando foi comprada por Meirelles, em maio de 2008, chegava a R$ 54 milhões.
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