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Dois pesos e duas medidas dos EUA e demais potências em relação a Líbia e a Síria

Do blog do Zé Dirceu:

Após o massacre de 140 oposicionistas pela repressão do ditador sírio Bashar Assad, no último fim de semana, o Conselho de Segurança permanente da ONU (CS-ONU) analisa a situação e o Itamaraty estuda uma mudança na posição do Brasil em relação à Síria. Agora, pelo que leio, Brasília admite apoiar resolução contra Damasco, se ela for consensual no CS-ONU.

A omissão, até agora, das potências ocidentais, em particular dos Estados Unidos, em relação à situação síria, ignorando a brutal repressão desencadeada pela ditadura Assad, é mais uma prova viva da hipócrita, ilegal e imoral intervenção da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na Líbia, respaldada por resolução do mesmo CS-ONU.

Embora a decisão do Conselho tenha sido oficialmente aprovada para proteger os direitos humanos da população civil e não previsse intervenção militar, ela terminou distorcida e “legalizou” ataques e bombardeios contra a Líbia. Já em relação à Assad, exceto a retórica, nada foi feito até agora. Afinal, na Síria estão em jogo os interesses geopolíticos dos EUA e demais potências.

Censura e críticas a ditadura Assad são apenas aparentes

No região predomina, principalmente, o medo do contágio, o temor de que a rebelião popular chegue ou se intensifique na Arábia Saudita, Iêmen, Qatar, Bahrein e demais emirados, todos com ditaduras sustentadas pela mesma diplomacia norte-americana e potências integrantes da OTAN.

No Bahrein e no Iêmen, os EUA e demais potências, na defesa de seus interesses econômicos e geopolíticos, não vacilaram em desencadear, via OTAN, uma intervenção para impedir a queda de suas ditaturas. Na Líbia, tentaram o contrário. Com a intervenção, tentaram derrubar o presidente Muamar Kaddhafi, o que não o impediu de resistir esses últimos cinco meses e manter-se no poder.

Na Líbia, a intervenção deixou clara, também, a natureza dos chamados rebeldes e do Conselho Nacional de Transição, composto em sua maioria por ex-ministros do regime kaddhafista, simples fantoches das potências ocidentais, sem capacidade militar e sem coesão política, artificialmente organizados para justificar a agressão à Líbia. A ponto de alguns países, há pouco, os terem reconhecido como governo oficial da Líbia, e não ao de Kaddhafi.

Não há como condenar apenas a Síria e não os demais regimes da região. Nada justifica a agressão a Líbia. Também em relação a ela, podiam ter seguido o caminho das negociações ditado pelas Nações Unidas. Já, no caso da Síria, protelam e não adotam medidas e sanções. Pelo contrário, ela simplesmente têm sido apoiada pelos Estados Unidos e União Européia, apesar de toda a retórica de aparente censura à ditadura Assad.