O controverso livro de memórias lançado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no fim do ano passado ganhou um leitor inusitado. Entre o Natal e o Ano Novo, a obra “Diários da Presidência”se tornou a principal distração do ex-ministro José Dirceu, que ocupa desde setembro uma das celas do CMP (Complexo Médico Penal), em Pinhais (PR). As informações são de Marina Dias e Bela Megale na Folha de S. Paulo.
A leitura dos relatos de FHC foi intercalada com o estudo de uma coletânea de artigos centrada em outro nome estrelado do tucanato: o ex-ministro Pedro Malan (Fazenda).
A escolha surpreendeu amigos e familiares que visitaram Dirceu entre as festas, e o petista chegou a ser questionado sobre o motivo de estar lendo apenas livros de tucanos. “Eles podem voltar a governar o país. Precisamos saber como pensam”, respondeu segundo um interlocutor relatou à Folha.
Quando se cansa de estudar os adversários, o ex-ministro prefere se distrair com “A história da alimentação no Brasil”, de Luis da Câmara Cascudo, ou às anotações para a publicação de um livro sobre os seus tempos de cárcere na Papuda, presídio em Brasília onde cumpriu pena pelo mensalão, e agora no Paraná, ao ser preso no esteio da 17ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada em agosto.
No fim do ano, Dirceu teve uma agenda intensa de visitas. Políticos, advogados e amigos o viram nas vésperas do Réveillon e familiares puderam levar a ceia para desfrutar com ele na sexta-feira de Natal.
Um “presente” foi ainda pedido pelo ex-ministro para colocar na cela: um colchão especial para seu problema de coluna. A previsão era de que a peça fosse entregue na última semana de dezembro. Os demais presos da operação que estão no CMP, como o empresário Marcelo Odebrecht, também puderam receber familiares que levaram uma refeição especial para as celebrações natalinas.
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