Folha de S. Paulo
Apesar das operações recentes realizadas pelo governo para zerar o déficit financeiro das distribuidoras de energia, que tiveram de comprar energia elétrica mais cara para cumprir seus contratos de fornecimento, as empresas ainda deverão apresentar uma conta adicional de R$ 2,4 bilhões até o fim do ano. Este débito será repassado às contas de luz em dois anos. A estimativa é da Associação Brasileira dos Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), que congrega 41 das 63 concessionárias.
A falta de chuvas e os elevados compromissos de venda de energia sem contratos de fornecimento firmados, uma situação que ocorreu por motivos alheios à vontade das empresas, criou uma exposição financeira que, ao longo de 2014, poderia chegar a R$ 25 bilhões, estimou a consultoria PSR.
Esse era o valor a ser pago por todas as distribuidoras para comprar 2.400 megawatts (MW) médios de energia que não estavam garantidos por meio de contratos de longo prazo, como normalmente ocorre no setor.
Preço
Essa energia estava sendo vendida no mercado livre (sem contrato) por até R$ 822 por MW, uma vez que os preços dispararam por conta do uso das usinas térmicas, ligadas para compensar a falta de água nos reservatórios das usinas hidrelétricas. A energia gerada nas usinas térmicas é mais cara do que a energia das hidrelétricas.
Um leilão emergencial de energia foi realizado na semana passada, e reduziu essa exposição de 2.400 MW médios para 350 MW médios. Cerca de 2.050 MW médios de energia a ser fornecida agora estão garantidas por contrato, a um preço de R$ 268 o MW. No entanto, esse valor difere do preço que está sendo cobrado nas tarifas das distribuidoras, em média de R$ 150. Essa diferença resultará em uma conta de R$ 1,5 bilhão.
Os demais 350 MW médios que continuarão sendo fornecidos por meio de energia comprada no mercado livre deverão custar, a todos os consumidores de energia, outros R$ 907 milhões até dezembro. Essa energia deverá ser comprada a um preço médio que estava em R$ 822 por MW, mas que já apresentou leve queda nos últimos dias e deverá cair a uma média de R$ 600 ao longo do ano. “O leilão foi bom porque reduziu essa conta. Mas isso será passado para as tarifas”, disse Nelson Leite, presidente da Abradee.
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