por Ivan Santos, Bem Paraná
A presidente Dilma Rousseff desembarca hoje em Curitiba com a missão de tentar reverter o “inferno astral” que vive o PT do Paraná. Nas últimas semanas, ao mesmo tempo em que viu as intenções de voto para a reeleição da presidente despencarem nas pesquisas, o partido também sofreu intenso desgaste por conta das denúncias que atingiram o deputado federal André Vargas (sem partido) – e respingaram na pré-candidatura da senadora e ex-ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann – ao governo do Estado. Dilma estará na capital para o lançamento do edital de licitação do metrô e para uma visita à Arena da Baixada.
Acusado de envolvimento com o doleiro Alberto Youssef – preso por lavagem de dinheiro – Vargas foi obrigado a renunciar à vice-presidência da Câmara Federal e acabou se desfiliando do partido, além de ter que responder um processo de cassação do mandato por quebra de decoro parlamentar. Até que as denúncias viessem à tona, o parlamentar era apontado como um dos principais coordenadores da campanha de Gleisi ao Palácio Iguaçu, além de ser cotado como possível companheiro de chapa dela como candidato ao Senado.
Tudo começou a mudar há pouco mais de um mês quando a imprensa nacional divulgou que Vargas usou um jatinho fretado por Youssef para uma viagem de férias da família a João Pessoa (PB), em janeiro. Flagrado, o parlamentar admitiu a “carona”, reconheceu ter sido “imprudente”, mas negou ter envolvimento nos negócios do doleiro.
Suas alegações logo foram colocadas em xeque, porém, quando mensagens trocadas entre ele e Youssef inteceptadas pela Polícia Federal vazaram, revelando indícios de que o então petista havia feito lobby em favor do laboratório Labogen para que a empresa obtivesse um contrato milionário com o Ministério da Saúde. Em uma das mensagens, o doleiro prometia que a operação garantiria a “independência financeira” dos dois. Segundo as investigações da PF, realizadas dentro da operação “Lava Jato”, Yousseff teria usado a Labogen para movimentar ilegalmente US$ 37 milhões.
A partir daí, a própria cúpula do PT passou a pressionar Vargas a renunciar ao mandato para evitar que o caso contaminasse a campanha de Dilma e a pré-candidatura de Gleisi ao governo do Paraná, além da pré-candidatura do ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ao governo de São Paulo, esse último também envolvido nas mensagens entre Youssef e Vargas interceptadas pela polícia. Apesar da pressão do comando do partido, o deputado não renunciou ao mandato, entregando o cargo de vice-presidência da Câmara e se desfiliando do partido.
Contaminação – A maior preocupação do PT paranaense, no momento, é que o caso acabe contaminando a campanha de Gleisi. Até porque a eleição no Paraná foi definida como uma das prioridades nacionais da sigla.
Quando as denúncias vieram à tona, a senadora afirmou que cabia a Vargas se explicar e a relação do deputado com o doleiro era “um envolvimento que não encontra justificativa para ter acontecido e acaba impactando no PT e na política”. Na semana passada, após a desfiliação do deputado, integrantes do comando nacional do PT passaram a afirmar que Vargas “não é mais problema” do partido, e que a legenda não poderia fazer mais nada para ajudá-lo a escapar da cassação. O Conselho de Ética da Câmara aprovou, na semana passada, relatório determinando a abertura do processo contra o parlamentar.
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