Ricardo Noblat
Ainda no primeiro turno da eleição presidencial deste ano, Dilma anunciou que Guido Mantega, ministro da Fazenda, deixaria o governo mesmo que ela fosse reeleita. Mantega então virou um ministro demitido no exercício temporário do cargo. Original, por suposto.
E Dilma? O que virou depois que Gilberto Carvalho, ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, disse em entrevista à BBC Brasil que ela “avançou pouco” no atendimento das demandas dos movimentos sociais e se afastou dos “principais atores na economia e na política”?
Gilberto disse mais: faltou também “competência e clareza” ao governo para avançar na questão indígena. A presidente que tinha prometido ampliar o diálogo com a sociedade deixou de fazê-lo “da maneira tão intensa como era feito no tempo de Lula”.
Ou Dilma demite Gilberto, embora possa mantê-lo no governo até o fim do atual mandato, ou se arriscará a ser conhecida como a presidente que foi demitida por um dos seus ministros. Onde já se viu um ministro criticar de público a presidente a quem deveria servir com lealdade?
No caso de Gilberto, registre-se que ele é incapaz de dar qualquer passo importante sem consultar Lula. O PT já não esconde sua insatisfação crescente com Dilma. Acha que a vitória dela foi sua e de Lula antes de tudo. E que Dilma deve entender que está a serviço de um projeto político, e não de sua vaidade.
Lula assinaria embaixo do que Gilberto disse. E, se pudesse, iria além.
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