Arquivos

Categorias

DILMA DISCORDA DE POSIÇÃO BRASILEIRA SOBRE IRÃ

Por Josias de Souza, na Folha Online:

Em entrevista ao jornal ‘Washington Post’, Dilma Rousseff deixou claro que vai alterar os rumos das relações do Brasil com o Irã.

Dilma foi inquirida sobre a decisão do Itamaraty de se abster na votação em que o Comitê de Direitos Humanos da ONU aprovou resolução contra o Irã.

O texto passou em 18 de novembro. Obteve 80 votos a favor e 44 contra. Houve 57 abstenções, entre elas a do Brasil. Ouça-se o que disse Dilma ao ‘Post’:

"Não sou presidente do Brasil, mas me sentiria desconfortável como uma mulher presidente eleita em não dizer nada contra o apedrejamento…”

“…Minha posição não vai mudar quando eu tomar posse. Eu não concordo com a forma como o Brasil votou. Não é a minha posição".

Coube a Lally Weymouth entrevistar Dilma. Filha de Katherine Graham, publisher do jornal, ela injetou o Irã na conversa já nas primeiras perguntas.

De saída, indagou a Dilma se o fato de ter sido prisioneira política a tornara simpática a pessoas que atravessam o mesmo drama.

E Dilma: “Não há nenhuma dúvida sobre isso”.

A entrevistadora perguntou, então, como o Brasil apoia o Irã, país que permite o apedrejamento de pessoas e recolhe jornalistas ao cárcere.

Ao responder, Dilma cuidou de esclarecer que considera importante a estratégia brasileira de busca da paz no Oriente Médio.

O que se vê na região, disse Dilma, “é a falência de uma política, a política da guerra”.

Referiu-se especificamente ao Afeganistão e “ao desastre que foi a invasão do Iraque” pelos EUA. Disse que o Iraque vive hoje uma “guerra civil”. 

Feito o preâmbulo, foi ao miolo da pergunta. De novo, soou peremptória na condenação aos métodos que vigoram no Irã:

"Eu não endosso o apedrejamento. Eu não concordo com práticas que têm características medievais contra as mulheres…”

“….Não há meio termo. Eu não vou fazer nenhuma concessão nessa matéria".

A resolução do Comitê de Direitos Humanos da ONU, aquela que o Brasil se absteve de votar, ainda terá de ser referendada pela Assembléia Geral da entidade.

Algo que só vai ocorrer depois que Dilma for empossada na Presidência. O texto expressa “grande preocupação” com o Irã.

Realça o "contínuo uso de tortura e tratamento ou punição cruel, desumano ou degradante".

Menciona "a contínua incidência e o dramático aumento da aplicação da pena de morte […], incluindo execuções públicas".

Será uma oportunidade para que Dilma converta palavras –“Não concordo com a forma como o Brasil votou”— em gestos. A ver.

Siga o blog no twitter