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Descoberto sítio arqueológico de missão jesuítica de 1625 em Cambé, no Paraná

De O Diário:

Historiadores anunciaram na última semana terem encontrado sítio arqueológico da Missão Jesuítica San Joseph, fundada em 1625, instalada no local onde atualmente existe o Sítio Arqueológico da Fazenda Santa Dalmácia, a 27 km do Centro de Cambé (16 km de Londrina). O anúncio aconteceu durante a 9ª Reunião do Mercosul, realizado de 10 a 13 de julho em Curitiba.

Segundo a arqueóloga do Museu Paranaense, Cláudia Inês Parellada, que fez o anúncio oficial da descoberta, há entendimentos e a garantia de intenção da Prefeitura de Cambé de conservar a área, se preciso com medidas administrativas. A arqueóloga deve vir ao município no início de agosto, para orientar e coordenar os trabalhos técnicos no local onde existiu a Missão San Joseph.

As investigações para localizar a missão somam anos de trabalho de arqueólogos e pesquisadores. “Sabia-se que poderia estar próximo ao Rio Vermelho, nos municípios de Sertanópolis, Bela Vista do Paraíso e Ibiporã”, afirma César Cortez, diretor do Museu Histórico de Cambé. Ele participou da Reunião de Antropologia do Mercosul, em Curitiba, integrando comitiva forma pela prefeito João Pavinato, secretária municipal de Cultura Arísia Mendes Gonçalves, secretário de Governo Luiz César Lazari, e professor José Garcia Gonzáles Neto.

A descoberta da área é importante para o mundo da arqueologia, inclusive por subsidiar os estudos sobre as reduções jesuíticas no Brasil. “Pode trazer informações importantes para a compreensão da relação entre os missionários jesuítas e os indígenas e pode revelar como foi o processo de ocupação da região e qual era a dinâmica dessa ocupação”, afirmam os integrantes da comitiva. A Missão San Joseph foi fundada pelos jesuítas em 1625 e destruída, provavelmente pelos bandeirantes, em 1631.

Em Cambé, os trabalhos para identificar o local da missão foram iniciados em 1990, quando o Museu Histórico foi notificado da ocorrência de indícios arqueológicos na Fazenda Santa Dalmácia, no Norte do município, perto do Córrego Palmeira e à margem direita do Rio Vermelho. A notificação foi feita por alunos da Escola Rural Municipal Fazenda Santa Dalmácia.

Funcionários do Museu Histórico foram ao local e constataram a possibilidade de um sítio arqueológico de grande dimensões e muitas amostras cerâmicas. Por isso os arqueólogos Miguel Gaissler e Oldemar Blasi foram convidados a desenvolver trabalhos sistemáticos ainda em 1990, quando se concluiu que uma população indígema, da cultura tupi-guarani, esteve no local e ali teve como uma forte atividade a produção oleira (material cerâmico).

Em 1998 o Museu de Cambé firmou convênio com a Universidade Estadual de Londrina, onde o Laboratório do Departamento de Artes, sob a responsabilidade da professora Maria Scherlowski, com a consultoria do Museu Paranaense, analisou os cerca de quatro mil fragmentos coletados na Fazenda Santa Dalmácia como parte do Projeto Cerâmica Indígena: Recuperação e Memória. Também foi desenvolvido o projeto caracterização de cerâmicas do sítio arqueológicos da tradição tupi-guarani Fazenda Santa Dalmácia, por métodos nucleares não destrutivos, coordenado pelo professor Carlos Roberto Apoloni.

Paralelamente, a arqueóloga do Museu Paranaense, Cláudia Parellada, iniciou a pesquisa de identificação do material recolhido e visitou a área do sítio arqueológico. Esse trabalhou constatou que o Sítio Arqueológico da Fazenda Santa Dalmácia foi o local onde se instalou a Missão San Joseph.

Segundo a secretária muncipal de Cultura de Cambé, Arísia Mendes Gonçalves, novas ações serão realizadas a partir de agora para determinar os detalhes da instalação da Missão San Joseph no município.

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