Nani Gois
Nós, os avós, erramos. Minha filha e meu genro, erraram. Mas o maior erro foi da Polícia Federal e do governo brasileiro. E quem pagou a conta de todos esses erros foi minha neta de 16 anos.
Minhas filhas e netos moram todos na Inglaterra, a neta mais velha veio visitar o avô paterno que está um pouco ruim de saúde. Bom, chegou momento de ela voltar pra Inglaterra sua casa. Embarcou em Curitiba rumo a São Paulo, quando chegou para embarcar para Inglaterra, não pode entrar no avião por ser menor (aí nos erramos).
Minha neta não tinha autorização da mãe só do pai. Tudo bem. Encaminharam a menina para a Polícia Federal. Chegando a uma sala viram seus documentos e simplesmente disseram: “Vai lá fora. Pega um telefone ligue pra sua mãe e mande-a enviar uma autorização do consulado brasileiro, de lá”. Como a Inglaterra tem outro fuso horário e a cidade dela fica longe de Londres não daria tempo. Essa orientação foi absurda.
Minha indignação com o procedimento do Ministério da Justiça, da qual PF faz parte, é com o pouco caso que tem com as pessoas. Pegam uma menor que não pode viajar sozinha e dizem que se vire, deixando uma adolescente sozinha chorando em um aeroporto imenso como o de Guarulhos.
Daí começa uma peripécia danada para encontrar a menina, liga para delegacia da PF, dizem que a menina não está, liga pra Policia Civil dizem que não está, liga pra companhia aérea, não se consegue falar com ninguém. Quem resolveu problema dela foi uma amiga que mora na Inglaterra e conseguiu que ela viesse pra Curitiba casa dos avós.
Onde esta a capacidade do estado de cuidar dos seus? Não tem nenhum telefone de suporte, querem ainda aumentar os impostos pergunto: para quê? Por estas e outros que vejo tanta criança abandonada em nosso país, o estado não esta nem aí para os seus. Isto é a lei de Murici cada um cuida de si. Quando é pra pagar impostos todos pagam.
Precisamos exercer nossa cidadania. Quando dizem que a Europa e Primeiro Mundo, digo eles não nascerem Primeiro Mundo eles fizeram ser, nós também podemos conseguir este status, sendo honestos com nos mesmo, para sermos honestos com os outros também. Não querer levar vantagem em tudo, como diz a velha propaganda da lei de Gerson. Tempos outros. Evoluímos. Hoje não se pode nem mais fazer propaganda de cigarros, então pode, já que o estado toma conta de tudo, dar condições mínimas para os nossos cidadãos.
Edevanir Moreno Gois – Nani Gois – é fotógrafo.
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