O presidente da União Paranaense dos Estudantes (UPES), Rafael Clabonde, foi um dos primeiros a chegar à sede da entidade, no bairro Juvevê em Curitiba, que já estava no chão. A derrubada da casa ocorreu na madrugada de sexta-feira (7). Ele condenou o ato, "praticado na calada da noite" e denunciou que a ação foi resultado da especulação imobiliária, devido a localização privilegiada da entidade. Confira a entrevista do Clabonde.
Boca Maldita – Vocês foram os primeiros a chegarem aqui. Como é que foi a situação? Vocês chegaram e já estava tudo desmontado?
Rafael Clabonde – É, justamente. Foi surpresa para a gente, por que eles chegaram de madrugada e foram fazendo isso na calada da noite. Chegamos aqui e tudo estava sobre escombros e colocaram em cima do caminhão. Fizemos uma negociação para que as coisas não saíssem daqui, até porque isso pertence a nós e não teve acerto.
Infelizmente eles vieram da pior maneira tratar as coisas. Inclusive no relatório, é uma oficial mulher que está assinando, e não esteve aqui nenhuma mulher. Então, independente da posição de uma oficial de justiça, teria que vir com uma força policial, tem que fazer conforme o juiz deliberou. Então foi feito de maneira atropelada, irregularmente e imoralmente. Não é dessa maneira que a gente pretende tratar as coisas, tentando evitar a saída. Não teve acordo, e aí foi agressão.
Eles vieram para cima com seus instrumentos de trabalho, pé de cabra, com martelo e utilizando dos destroços da sede, com pedaços de pau. Foram cenas lamentáveis, mais que agressão física para nós, foi o roubo, levar as nossas coisas, a memória do movimento estudantil, que se encontrava no arquivo da sede, este material, de documentos, envelopes e a própria placa de identificação está no depósito público, a estrutura da casa pré-moldada, nós não sabemos o paradeiro.
Então, infelizmente roubaram mesmo e agora nós vamos fazer um esforço, uma campanha para erguer um novo prédio, que aqui é o nosso espaço e daqui a gente não vai sair.
Desde quando vocês estão acampados aqui?
Estamos desde sexta-feira (7) aqui, e a idéia é ficar até que se tenha um desdobramento jurídico, por que não vai haver outra maneira se não a compreensão e a mobilização social e infelizmente estamos em férias forçadamente. Então, isso dificulta para nós realizarmos um grande ato. Agora, o fato está na imprensa, não tem como esconder, eles agiram de maneira irresponsável, de má fé, justo no recesso escolar, foi estratégico.
A gripe suína foi aliada dos especuladores?
Sem dúvida, você pega uma véspera de feriado, numa sexta-feira e com esse período de recesso de aulas, é estratégico que dificulta a nossa mobilização, mas a nossa galera do interior está vindo para cá, entidades municipais estão se mobilizando e a gente vai ficar aqui, vai resistir no acampamento, até que se tomem uma providência. Nós só saímos daqui quando resolver esse problema de garantir por direito, aquilo que já é de fato dos estudantes.
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