por Fábio Góis, no Congresso em Foco
Colcha de retalhos, jabuti, Frankenstein, ornitorrinco. Esses são quatro dos vários apelidos dados a medidas provisórias (MPs) que, por reunir diversos assuntos sem conexão com o objeto central, acabam virando um caldeirão de proposições. A profusão de MPs ornintorrincos criou uma nova modalidade de ação legislativa.
Em vez de apresentar projetos de lei, parlamentares resolveram agora tentar emplacar suas proposições apresentando emendas para engordar ainda mais a série de assuntos tratados nas medidas provisórias. Um dos especialistas nesse expediente tem sido o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Em várias MPs, ele apresentou emenda propondo o fim do exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – e diz que manterá o procedimento nas próximas.
Outro que tem permanentemente recorrido a essa estratégia é o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), que tenta enxertar duas emendas – uma sobre a indústria de processamento de castanha de caju e outra sobre a indústria têxtil.
Pauta sempre trancada torna emenda a MP um caminho válido
Embora os dois congressistas sejam os mais visíveis e frequentes autores de emendas nas mais recentes MPs, não são os únicos. Para se ter uma ideia de como tal expediente tem sido usado, a MP 579/2012, por exemplo, apresentada em 12 de setembro, já recebeu nada menos que 483 emendas parlamentares.
Sete das mais recentes MPs protocoladas na Câmara receberam a mesma emenda de Eduardo Cunha. São elas: MP 576/2012; MP 577/2012; MP 578/2012; MP 579/2012; MP 580/2012; MP 581/2012; e MP 582/2012. Dessa lista, Inácio Arruda não apresentou emenda apenas à MP 579/2012.
Exame da ordem
A ação recorrente de Eduardo Cunha visa extinguir o exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Ser aprovado no exame é exigência para que o bacharel em Direito possa exercer a advocacia. O deputado é contrário à exigência e a bombardeia emendando medidas provisórias.
“Um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil é a ‘livre expressão da atividade intelectual’, do ‘livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão’. A exigência de aprovação em Exame da Ordem […] é uma exigência absurda que cria uma avaliação das universidades de uma carreira, com poder de veto”, justifica Eduardo Cunha, no texto que sempre acompanha a sua emenda. Eduardo Cunha lembra ainda que tal exigência corporativa vem sofrendo questionamentos. Uma ação do Ministério Público contesta a obrigatoriedade da prova e está em exame no Supremo Tribunal Federal (STF).
Para o deputado peemedebista, a OAB deveria combater os “maus profissionais” em vez de exigir teste para ingresso em seu quadro de advogados. “Vários bacharéis não conseguem passar no exame da primeira vez. Gastam dinheiro com inscrições, pagam cursos suplementares, enfim, é uma pós-graduação de Direito com efeito de validação da graduação já obtida. […] Estima-se que a OAB arrecade cerca de R$ 75 milhões por ano com o Exame da Ordem, dinheiro suado do estudante brasileiro já graduado e sem poder ter o seu direito resguardado de exercício da profissão”, arremata Eduardo Cunha, acrescentando que nenhuma outra carreira faz exigência semelhante. Além de tentar a modificação via MP, Eduardo Cunha pretende alterar a Lei 8.906 , que dispõe sobre o estatuto da OAB e foi sancionada em 4 de julho de 1994.
Com repulsa tomei conhecimento que a Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados cancelou a Audiência Pública que iria discutir dia 17/10 o fim do Exame da OAB, objeto do PL 2154/2011 do nobre Deputado Federal Eduardo Cunha – PMDB/RJ, e outros 18 PLs em tramitação naquela Casa, em face o não comparecimento do Secretário de Educação Superior do Ministério da Educação. Na qualidade de defensor de direitos humanos não posso aceitar que se trata um tema tão polêmico como o caça-níqueis Exame da OAB, com tanto deboche e irresponsabilidade. OAB vem usurpando o papel do Estado MEC, abocanha R$ 72,6 milhões por ano, com altas taxas que já chegaram a R$ 250, enquanto que as taxas do ENEM são apenas R$ 35, com exame calibrado estatisticamente para reprovação em massa, quanto maior reprovação maior faturamento, de fazer inveja os caças-níqueis do Cachoeira, sem propósitos, sem retorno social, sem prestar contas ao TCU, dizimando sonhos, gerando fome, desempregado (num país de desempregados) e doenças psicossociais (Bullying Social). Ensina-nos Martin Luther King “Na nossa sociedade, privar um homem de emprego ou de meios de vida, equivale, psicologicamente, a assassiná-lo. Presidente Dilma vamos abolir a escravidão contemporânea da OAB, aprovando o PL nº2154/2011, em respeito à Declaração Universal dos Direitos Humanos. Está previsto Artigo XXIII -1 -Toda pessoa tem o direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, à justas e favoráveis condições de trabalho e à proteção contra o desemprego. Os documentos que o Brasil é um dos signatários, impõem a obrigação de tomar medidas para garantir o exercício do direito ao trabalho como meio de prover a própria vida e existência
VASCO VASCONCELOS
Analista, Escritor e Jurista
BRASÍLIA-DF –
E-mail: [email protected]
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A discussão em relação a prova da OAB já se arrasta a anos. Todos os advogados formados a mais tempo devem se lembrar que antes, além da prova da faculdade, tinhamos a prova da OAB, escrita e tinhamos também a prova oral. Todos que advogam ou já advogaram passaram pela prova e não tiveram problema algum, pois, foram aprovados. Não vejo razão para extinguir a realização da prova da OAB. Entendo que deveria ser revisto o valor cobrado. Por exemplo: para-se a taxa de inscrição, num valor módico, e teria validade de 01 ano. Com isso, estaria sendo evitado as arrecadações milionárias que estão acontecendo, e exigindo do aluno preparação para submeter-se ao exame da ordem.