O deputado José Mentor (PT-SP) admitiu, em depoimento ao STF, que recebeu R$ 38 mil do doleiro Alberto Youssef como pagamento de uma dívida contraída pelo ex-deputado André Vargas (ex-PT-PR). Mentor disse que, na ocasião, não reconheceu o doleiro, que posteriormente foi condenado na Lava Jato. As informações são de Rubens Valente e Márcio Falcão na Folha de S. Paulo.
O dinheiro emprestado a Vargas, segundo o deputado, saiu de uma “caixinha” que disse manter em seu gabinete, formada por recursos dele e de alguns de seus assessores, para “custear despesas da ação parlamentar cujo ressarcimento não é permitido pelas normas da verba indenizatória da Câmara”.
A versão de Mentor contradiz o depoimento de Youssef prestado em acordo de delação premiada fechado com a Operação Lava Jato. Em outubro de 2014, Youssef disse que entregara pessoalmente a Mentor, em janeiro ou fevereiro daquele ano, um total de R$ 380 mil em espécie, e não R$ 38 mil.
O doleiro afirmou que esses recursos foram obtidos da Arbor –uma empresa da contadora de Youssef, Meire Pozza–, com a emissão de notas fiscais pela empresa IT7 Sistemas, “indicada” por Leon Vargas, irmão de André.
Ainda segundo Youssef, o irmão do ex-deputado pediu a ele R$ 2 milhões, e parte dos quais foi entregue “em mãos” a Mentor em São Paulo. André Vargas viria a ser preso pela Operação Lava Jato em 2015.
O depoimento de Youssef levou à instauração de um inquérito no STF, a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para investigar a conduta de Mentor.
O petista disse, em seu depoimento no inquérito, que havia emprestado R$ 40 mil ao colega André Vargas. Tempos depois, o ex-deputado teria telefonado para dizer que uma pessoa iria procurá-lo para quitar a dívida.
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