O jornalista Josias de Souza informa em seu blog na Veja.com que nesta quinta-feira (3), o sumiço de Demóstenes Torres do Twitter vai completar 40 dias. Antes do Cachoeiragate, o senador era um twiteiro compulsivo.
Não havia dia em que não pendurasse um lote de mensagens no seu microblog. Seguido por mais de 30 mil internautas, o senador deleitava-se com o hábito da interação.
São de 23 de março os últimos textos pendurados no Twitter por Demóstenes. Nove mensagens. Coisas assim: “Não faço parte nem compactuo com qualquer esquema ilícito, não integro organização ilegal nem componho algo do gênero.” Ou assim: “As injúrias, as calúnias e as difamações minam a resistência até de quem nada teme, mas permaneço firme na fé de que a verdade triunfará.”
Posava de injustiçado: “A tudo suporto porque nada fiz para envergonhar meu partido, o Senado, Goiás e o Brasil. Essa é a verdade que, ao final, prevalecerá.”
E escorava-se na fé: “O sofrimento provocado pelos seguidos ataques a minha honra é difícil de suportar, mas me amparo em Deus e na certeza de minha inocência.”
A esses últimos sussurros de Demóstenes na web seguiram-se os gritos dos grampos, despejados no noticiário em cadadupas, num ritmo de caudalosa e intermitente Cachoeira. Submetido ao estrépito, o senador bateu em retirada do DEM, exilou-se no gabinete e tornou-se cultor do silêncio. Aguarda pela abertura do processo disciplinar que pode custar-lhe o mandato.
Além do microblog, Demóstenes mantém na internet um blog. Ali, seu último texto é de 7 de abril: “Um Brasil Maior para os pequenos”. Imaginando-se do mesmo tamanho, o senador animou-se a criticar o pacote pró-indústria que Dilma Rousseff acabara de anunciar. Pegou mal, soou esquisito. E Demóstenes sumiu também do blog.
Hoje, o espaço encontra-se como que terceirizado ao jornalista João Paulo Teixeira. Veicula semanalmente críticas de cinema. Bons textos. Em suas últimas peças, o autor discorreu sobre filmes cujos títulos ornam com a conjuntura que engolfa o dono do blog: ‘Fantasia’, de Disney; um remake de ‘Psicose’, de Hichcock; e ‘A Vaca’, do iraniano Mehrjui.
A essa altura, engolfado por sua Fantasia pessoal, Demóstenes, já bem passado, vê o sonho diluir-se em pesadelo. A Psicose que uniu seu destino ao de Carlinhos Cachoeira guindou-o à condição de uma espécie de Janet Leigh a caminho do chuveiro. A Vaca, no seu caso particular, flerta abertamente com o brejo.
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