Delazari aponta erros nos números do Ministério da Justiça sobre violência
O secretário da Segurança Pública Luiz Fernando Delazari contestou, na manhã deste sábado (23), durante uma coletiva à imprensa, a pesquisa divulgada pelo Ministério da Justiça. Os dados estatísticos do Ministério da Justiça são diferentes dos números realmente existentes no Paraná. Um dos erros apontados é o número geral de homicídios dolosos, que traz uma diferença 869 ocorrências a mais. Aconteceram 2.219 registros, enquanto que o Ministério da Justiça divulgou 3.088, equivocadamente.
“Classifico o fornecimento destes dados pelo Ministério da Justiça como uma irresponsabilidade. Eles não entraram em contato com a Sesp para pedir os números e coletaram informações de um sistema antigo, criado em 1999 e que não serve para gerar estatísticas. Com isto, criaram uma falsa imagem do nosso Estado”, disse o secretário Delazari.
Além do número geral de homicídios dolosos no Paraná, o número de Foz do Iguaçu, cidade que aparece em primeiro lugar na pesquisa, também está errado. O número de ocorrências real é 260, mas foram divulgadas pelo Ministério 325. “Isto faz com que Foz vá para o sexto lugar na classificação por 100 mil habitantes. Certamente ainda não é um número positivo, mas ela não pode ser classificada como a pior nesse quesito”, complementou Delazari. Os números de extorsão mediante seqüestro do Paraná também estão errados. Enquanto o Estado registrou oito ocorrências em 2005, o Ministério divulgou 23.
Curitiba registrou 689 homicídios em 2005, mas o Ministério divulgou 793. Em São José dos Pinhais, além do erro no número de estupros, há um erro no cálculo por 100 mil habitantes. “É um erro de cálculo absurdo, que fez com que a cidade ficasse em primeiro lugar em número de estupros no Brasil, enquanto que, utilizando o próprio número que o Ministério da Justiça forneceu, ela ficaria na 22ª classificação, ou seja, eles também não sabem fazer contas”, contestou Delazari. Além disso, pelo Ministério da Justiça foram divulgados 83 estupros em São José, mas o número real é de 66 ocorrências registradas. Isto faz com que a classificação da cidade caia ainda mais, para 50ª posição no ranking divulgado.
Mesmo que estes números sejam corrigidos, o secretário Delazari argumentou que não é possível realizar uma comparação entre os Estados, como foi feito pelo Ministério da Justiça, divulgando até mesmo a classificação das cidades com maior número de ocorrências por 100 mil habitantes, pois cada um tem um sistema diferente de registrar as ocorrências. “Os dados de homicídios do Rio de Janeiro, por exemplo, são das Delegacias Legais, que compõem 48% dos registros do Estado, ou seja, o número real é bem maior e não foi divulgado”, disse o secretário.
Repúdio – Em repúdio à iniciativa do Ministério da Justiça, o secretário informou que acontecerá uma reunião, na próxima terça-feira (26) em Brasília, no Colégio Nacional de Segurança Pública, com os secretários de segurança dos outros Estados. “Secretários de Segurança de outros Estados, como Mato Grosso e Rio Grande do Sul, também reclamaram dos números, que não condizem com os registrados”, disse.
Geoprocessamento – Desde 2003, o Paraná vem modernizando seu sistema de registros e compilação das corrências policiais. É o programa do Geoprocessamento, uma ferramenta criada e utilizada para gerar estatísticas precisas sobre todas as regiões do estado, para que a polícia possa analisar e programar melhor as ações policiais. O Mapa do Crime passou a ser desenvolvido a partir de 2003, por uma equipe multidisciplinar do governo do estado, composta por estatísticos, sociólogos, policiais civis, militares, entre outros profissionais que são doutores, mestres ou especialistas em suas áreas. Durante os anos de 2004 e 2005, houve todo o desenvolvimento dos softwares, da metodologia e construção de bases de dados para gerar mapas e estatísticas.
A partir do início deste ano, o Boletim de Ocorrências Unificado, desenvolvido por esta equipe multidisciplinar, passou a funcionar em algumas cidades. “Ao implementarmos uma idéia de planejar as ações das polícias de forma unificada, sabíamos da necessidade de possuir um só boletim de ocorrências, para gerar uma base de dados também única e não causar divergências de informações”, afirmou Delazari.
Existe uma Coordenadoria da Análise e Planejamento Estratégico, localizada na Sesp, que analisa os mapas do crime e elabora relatórios de tendências criminais e mapas das ocorrências. “Com os dados estatísticos nas mãos, são reunidos periodicamente os chefes das áreas de segurança, para que a Sesp possa distribuir estas informações e cobrar resultados”, disse Delazari.
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