O ex-executivo da Odebrecht Benedicto Júnior afirmou em depoimento que o ex-ministro Paulo Bernardo recebeu R$ 934 mil “em dinheiro vivo” da empreiteira para incluir a obra da linha 1 da Trensurb, no Rio Grande do Sul, no PAC. Benedicto Júnior deu a informação ao prestar depoimento ao Ministério Público Federal no acordo de delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato. As informações são do G1 Brasília.
O G1 buscava contato com a defesa do ex-ministro até a última atualização desta reportagem. Após o ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin autorizar a abertura de inquérito para apurar o pagamento de propina a políticos envolvendo a obra, a advogada de Bernardo, Verônica Sterman, negou que o petista tenha pedido vantagens indevidas.
A advogada ainda acrescentou que Bernardo não conversou com executivos da Odebrecht para incluir a obra no PAC e que a linha 1 passou a fazer parte do programa maneira lícita, atendendo a reivindicação da bancada federal do Rio Grande do Sul, sem participação da Odebrecht.
“Após o início da obra [da Trensurb], durante o ano de 2008, o executivo Valter Lana, responsável pela operação da Odebrecht no sul do pais, à época diretor superintendente da Odebrecht na região, me procurou para pedir autorização paga paamento indevido, via caixa 2, para o Paulo Bernardo, à época ministro do governo do presidente Lula, ministro do Planejamento, com o intuito que a obra fosse incluída no PAC de forma a garantir prioridade no projeto”, relatou Benedicto Júnior aos investigadores, acrescentando que a demanda do “Filósofo”, codinome de Bernardo, era de 1% sobre o valor da obra.
“A gente constatou quatro pagamentos ao Paulo Bernardo, nos valores de R$ 237.556, em 10 de agosto de 2010; R$ 330.281, em 5 de outubro de 2010; R$ 201.126, em 5 de fevereiro de 2010; e R$ 165.548, em 4 de novembro de 2009. Esses pagamentos fazem R$ 934.491mil. Foram pagos em dinheiro vivo e são registrados no sistema com o codinome [atribuído a Paulo Bernardo]”, acrescentou o delator.
Ministro do Planejamento no governo de Luiz Inácio Lula da Silva e ministro das Comunicações no governo de Dilma Rousseff, Paulo Bernardo foi preso pela Polícia Federal na Lava Jato em 23 de junho do ano passado e solto uma semana depois.
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