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Defesa de João de Deus usa ‘passado’ das vítimas para questionar ‘crédito’ dos depoimentos

NETO1385.jpg GOIANIA GO 16/12/2018 METROPOLE - JOAO DE ABADIANIA / APRESENTACAO / PRESO João Teixeira de Faria, conhecido como Joao de Deus deixa Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic) em direcao ao IML para fazer exame de corpo de delito apos prestar depoimento .. Pouco depois das 16h deste domingo (16/12), João de Deus se entregou às autoridades goianas. A defesa do médium negociava a rendição dele com a Polícia Civil de Goiás desde sexta-feira (14/12), quando a Justiça do estado expediu mandado de prisão contra João de Deus. Ele é acusado de abusar sexualmente de centenas de mulheres – alguns atos teriam acontecido há mais de 20 anos. Às 17h55, o comboio policial com o médium chegou à Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), em Goiânia. A apresentação ocorreu numa encruzilhada de uma estrada de terra na BR-060, na zona rural de Abadiânia (GO) João de Deus teria passado os últimos dias em um sítio na região. Foram ao encontro do médium o delegado-titular da Deic, Valdemir Pereira da Silva, e o delegado-geral da Polícia Civil de Goiás, André Fernandes. Os policiais chegaram ao local marcado para a rendição em três carros e o acusado, no veículo do advogado responsável por negociar a rendição, Alberto Toron, com o delegado-geral da Polícia Civil. João de Deus não foi algemado. FOTO ERNESTO RODRIGUES / ESTADAO

O criminalista Alberto Toron, que representa o médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, deve fazer um “escrutínio” dos depoimentos das vítimas como parte da estratégia para descredibilizar as denúncias contra o líder religioso. Segundo Toron, é preciso analisar “o contexto” das denúncias contra seu cliente para saber se o depoimento de algumas dessas mulheres têm “crédito ou não”.

O argumento do advogado faz referência, por exemplo, ao depoimento de Zahira Leeneke Maus, uma coreógrafa holandesa que falou ao programa Conversa com Bial, da TV Globo. Segundo Toron, a vítima teria um passado ligado à prostituição e extorsão.

“Há uma holandesa que foi exibida, salvo erro de memória, no programa do Pedro Bial. Porém esta holandesa, estou recebendo informações já com um dossiê, tem um passado nada recomendável, o que pode descredibilizar (o depoimento). Quero dizer que ela era uma prostituta e tinha um passado de extorsão”, disse. “A comprovação desses e outros fatos, se pessoas querem se aproveitar para pedir dinheiro ou não, se o passado dela a compromete ou não, tudo isso vai ter que ser analisado corretamente a partir da crítica a esses depoimentos”, complementou.

Toron disse que o problema não seria a vítima ter sido prostituta, mas sim ter praticado extorsão, algo que estaria em um “dossiê” recebido pela defesa. “É óbvio que o fato de a pessoa ter sido prostituta não a descredibiliza, mas é preciso ver o contexto da vida dessa mulher para ver se ela tem crédito ou não. Isso nós não fizemos ainda por absoluta ausência de tempo. Mesmo o depoimento dessa holandesa, nós não tivemos acesso a esse depoimento ainda”, afirmou.

Outra vítima cujas acusações foram colocadas em xeque envolvem a própria filha de João de Deus, que disse ter sido abusada pelo médium ainda quando era criança. Depois que o vídeo ganhou as redes sociais, ela gravou um outro depoimento negando o primeiro, mas, recentemente, disse ter sido coagida a fazê-lo. O criminalista afirmou que a filha tem um passado de “internações” e, justificou, que, por isso, João de Deus aceitou fazer um acordo na Justiça.

“A história é muito diferente. Essa moça (filha de João de Deus) foi internada várias vezes, (o acordo) foi até uma forma de ajudar a filha. E aí se celebrou um acordo no processo civil. Ela fez mais de um vídeo retirando e desmentindo essas acusações e depois voltou à carga. Fica muito difícil compreender o que acontece com ela, ela tem um história de internações também. Não quero nem me aprofundar isso em respeito a ela”, afirmou.

O advogado negou que fazer esse tipo de avaliação das denúncias seja jogo sujo. “Jogo sujo é alguém acusar falsamente outra pessoa de uma prática tão grave, o que estou querendo dizer, sem jogo sujo, é que nós precisamos fazer um escrutínio calmo para não linchar uma pessoa sem direito de defesa”, rebateu. “Soa estranho que uma mulher que se diz violentada volte (atrás) uma duas, três, oito vezes, Isso precisa ser escrutinado, não se trata de fazer jogo sujo”.

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https://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,defesa-de-joao-de-deus-usa-passado-das-vitimas-para-questionar-credito-dos-depoimentos,70002649127