Por Aroldo Murá
Se houve desvio de recursos públicos na Assembleia Legislativa do Paraná, nada mais correto que o Ministério Público aja, como está fazendo, conforme anunciado na quinta-feira, 12, à noite. O deputado Alexandre Curi estaria no epicentro das supostas irregularidades gravíssimas, patrocinando alegados funcionários fantasmas pagos com dinheiro do erário.
Suas ações seriam ainda desdobramentos das conhecidas operações “gafanhotos” e Diários Secretos. Aquelas que desvendaram esquemas de empregados fantasmas na AL. Só não é admissível colocar no mesmo rol de acusações, os supostos desvios de dinheiro público (e seriam cerca de R$ 100 milhões) com uma questão em que se deve, isto sim, discutir a legalidade de anúncios para a revista Ideias, de Fábio Campana.
2 – REVISTA NÃO ROUBOU
A revista e seu diretor não roubaram. Especialmente porque Ideias publicou todo o material contratado pela AL, autorizado pela Casa, com posterior referendo do Tribunal de Contas, tendo cumprido às claras todos os passos para obter e veicular os anúncios ora questionados. Como, então, considerar todo esse rito – autorizações dadas por burocratas e deputados – como algo sorrateiro, como se insinuou? Não anda na ilegalidade quem tem anúncios, há 15 anos, de empresas nacionais, multinacionais e governos, e circulação comprovadíssima.
Ideias, a revista, não promoveu rapinagem do erário. A questão tem de ser olhada apenas por uma ótica: Campana, como funcionário da AL, poderia ter participado de concorrência para ganhar a propaganda questionada?
3 – HIPOCRISIA IRRESTRITA
Por último, mas não menos importante, observo dois pontos: 1) o nome de Fábio Campana caiu de paraquedas no noticiário, no bojo da grande notícia – esta sim aterradora – que foi a denúncia do MP contra o deputado Alexandre Curi, primeiro secretário da AL durante a gestão de Nelson Justus, e que, na prática, é quem tinha o comando de Bibinho, o apontado operador do esquema de irregularidades na Assembleia;
2) Estranhíssimo que Campana, sabido e marcado opositor das políticas exercidas por Dr. Rosinha e deputado professor Lemos, ambos do PT, tenha sido denunciado pelos dois políticos. Isto porque, diante de um quadro de comoção nacional, como o momento em que vivemos, Rosinha e Lemos se mantêm singularmente mudos, alheios, por exemplo, à petrorroubalheira. A vigilância e a moral dos dois, conclui-se, são singularmente seletivas.
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