Com o objetivo de compreender reflexos de mudanças do cenário político brasileiro de 2019 sobre a imagem de alguns de seus protagonistas, o Datafolha elaborou um ranking com o grau de prestígio de cada um deles. São, na maioria, nomes que foram cogitados como possíveis candidatos na próxima eleição presidencial. Informações de Mauro Paulino e Alessandro Janoni, uol
Fatos que marcaram o primeiro ano do governo Bolsonaro, a aprovação da reforma da previdência, o papel moderador do Congresso Nacional, a divulgação de conversas de Sergio Moro com integrantes da Lava Jato e a saída do ex-presidente Lula (PT) da prisão produzem ambiente de incertezas eleitorais.
Numa escala de zero a 10, onde zero significa nada confiável e 10 totalmente confiável, os brasileiros foram solicitados a atribuir uma nota para 12 personalidades que têm flertado com o tema recentemente.
Dois deles são desconhecidos por 15% ou mais da população —Davi Alcolumbre (DEM-AP) e Manuela D’Àvila (PCdoB). Em um cálculo de média simples, ambos obtêm as piores notas (3,3 e 3,6, respectivamente).
Os demais têm taxas de conhecimento igual ou superior a 90% do eleitorado. Sergio Moro, Luciano Huck e Lula são os primeiros colocados com médias iguais ou maiores do que cinco. O ministro da Justiça chega a 5,9 contra 5,1 do apresentador e 5,0 do ex-presidente.
O atual ocupante do cargo, Jair Bolsonaro, vem atrás com 4,8 e é seguido por seu vice, Hamilton Mourão, com 4,4. Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB) também obtêm notas iguais ou superiores a quatro. Não alcançam esse escore João Doria (PSDB) e Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Para projetar esses dados sobre o eleitorado e quantificar o grau de credibilidade de cada um, o Datafolha utilizou como referência um modelo de persuasão de pesquisas de mercado que calcula o potencial dos nomes estudados.
Pela técnica denominada NPS (Net Promoter Score), a população foi segmentada em três subconjuntos, de alta, média e baixa confiança em relação às personalidades. São classificadas como de alta credibilidade as notas 9 e 10, a média vai de 6 a 8 e a baixa de zero a 5.
Com esse critério, Sergio Moro e Lula se destacam à frente por demonstrarem maior potencial de persuasão. O ministro da Justiça alcança 33% de alta confiança e o ex-presidente 30%.
Apesar da diferença dentro da margem de erro, Moro lidera o ranking porque seu índice de “média credibilidade” é maior do que a do petista que, por sua vez, apresenta maior taxa de desconfiança.
Moro tem apelo especialmente entre os homens, entre os mais velhos, mais ricos, habitantes da região Sul e os que se auto classificam como direitistas no espectro político.
A confiança em Lula é nítida entre os menos escolarizados, mais pobres, desempregados, trabalhadores informais, moradores do Nordeste e entre os que se julgam de esquerda.
Depois, o segundo pelotão do ranking é composto por Bolsonaro e Luciano Huck, que obtêm índices muito próximos nas três categorias da escala. No ponto mais alto de credibilidade, o atual presidente obtém 22% e o apresentador 21%.
Bolsonaro tem maior penetração entre empresários e evangélicos neopentecostais. Huck, como o Datafolha já observou em análises anteriores, consegue atrair parcela de segmentos lulistas de baixas escolaridade e renda assim como moradores do Nordeste.
Em um terceiro bloco de credibilidade, com índices de confiança que variam de 9% a 12% estão Hamilton Mourão, Ciro Gomes, Marina Silva e FHC. Os demais nomes não alcançam esses patamares.
É importante enfatizar que o modelo não mede a intenção de voto dos brasileiros. Em nenhum momento, a candidaturas foram abordadas no questionário. Mostra apenas o poder de influência desses nomes em potencial de persuasão da opinião pública, menos como candidato, mais como cabos eleitorais.
Deixe um comentário