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De absurdo em absurdo

Por Celso Nascimento, na Gazeta do Povo:

Bem que o deputado Ademar Traiano, líder da situação na Assembleia, tentou – mas não conseguiu explicar ou convencer sobre as razões que levam o governo a acreditar ter feito um bom negócio ao renegociar o preço das cópias xerográficas que paga à empresa H. Print.

Antes, no governo passado, das 3 milhões de cópias/ano cada uma saía por 13 centavos; desde o início do ano, graças à prorrogação renegociada com a mesma empresa, o preço caiu para 11 centavos. A empresa entra com as máquinas; o governo, com o papel.

Na esquina, o consumidor comum, por uma só cópia, paga 10 centavos, papel incluído. As cópias da Assembleia, com equipamentos locados de outra empresa e em número infinitamente menor, sai por 4 centavos a unidade, conforme mostrou ontem o deputado Tadeu Veneri.

Nervoso na tribuna, Traiano respondeu com o argumento de sempre: pôs a culpa no governo passado, quando se praticava “um assalto aos cofres públicos”. Neste governo, o estado passou a economizar.

O deputado pode ter razão. De fato, pagava-se um absurdo, inexplicável, estranhíssimo – agora, o absurdo apenas mudou para tamanho pouco menor. Mas adiantou: uma nova licitação, ainda em fase de esboço, deve reduzir o preço para 7 centavos – mesmo assim, valor superior ao que a Assembleia pagará quando Traiano mandar fazer um xerox do discurso de ontem.

Fala-se aqui em centavos, o que pode parecer ninharia. Multipliquem-se, no entanto, os centavos (gastos a mais ou economizados) pelos milhões de cópias e se vai ter a dimensão de um problema que, ainda que herdado, está sendo mal enfrentado.