Mensagens de Moro e Guedes foram bem articuladas e a de Bolsonaro, fundamental
Delfim Netto
A viagem de Bolsonaro à “montanha mágica” será seu momento mágico. Lembremos, entretanto, que os outros convidados a Davos(gigantes do comércio, da indústria e dos serviços mundiais) conhecem bem a situação institucional, social e econômica do Brasil.
Eles estão entre nós e são, também, submetidos (1º) à insegurança jurídica, à judicialização da política e à politização da Justiça, que negam a Constituição de 1988.
(2º) Conhecem o desesperador problema da segurança nacional, que produziu a separação da sociedade brasileira em duas classes: a dos que estão presos nos presídios ou soltos nas cidades para assaltá-la; e a dos que estão presos em suas residências.
(3º) Sofrem os constrangimentos de um Estado ineficiente, que regula mal tudo e todos, e que passou uma década sem acreditar no equilíbrio fiscal.
Terminamos o ano passado com 1,3% de crescimento do PIB (contra -1,4%, em média, entre 2012-16); com uma taxa de inflação de 3,7% (contra 7%, em média, entre 2012-16); com uma taxa de desemprego de 12,2%; com uma relação dívida bruta/PIB de 77% (contra 54% em 2012); com um déficit primário de 1,6% do PIB; e com um formidável déficit público de 7,2%.
(4º) Sabem que, sem a preliminar reforma da Previdência, mais dia, menos dia, o Brasil caminhará para um regime de dominância fiscal que levará à morte a expectativa de desenvolvimento robusto e inclusivo.
(5º) Conhecem a horrível situação fiscal de Estados e municípios, endividados com aval do Tesouro e empurrados para a insolvência pela falta de uma reforma tributária séria (o ICMS é, claramente, obsoleto) e que reduza a sua regressividade.
A circunstância de que eles sabem quem nós somos, que sabem o que temos de fazer e sabem das nossas dificuldades para fazê-lo pôs uma responsabilidade enorme sobre a missão chefiada pelo presidente Bolsonaro.
Precisamos de humildade, não de ufanismo. Da verdade apoiada na observação empírica. De clareza para expor como vamos (credivelmente!) resolver os problemas (que eles conhecem) pela mobilização do Legislativo, do Judiciário e do Ministério Público.
As mensagens dos ministros Moro e Guedes foram bem articuladas e bem recebidas. Fundamental foi a posição do presidente. Ele disse que o Brasil precisa do mundo como o mundo precisa dele. Que empenhará toda a sua credibilidade na execução das promessas que fez em Davos. E, acima de tudo, subentende-se que honrará o compromisso assumido com a Constituição de 1988.
Por fim, a promessa implícita de que, em 2022, entregará um país pacificado, com crescimento robusto e inclusivo, e ainda mais democrático do que recebeu.
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https://www1.folha.uol.com.br/colunas/antoniodelfim/2019/01/davos.shtml
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