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Davi Alcolumbre não representa o novo jeito de fazer política

 

O presidente do Senado não tem nada de novato e precisou de velhas práticas para derrotar Renan

Em seu discurso de candidato a presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) falou em “formas ultrapassadas e injustas da velha política”. Apresentou-se aos pares como uma alternativa ao modelo antigo de atuação parlamentar. Informações da UOL.

Aos 41 anos, Davi é uma figura jovem em uma Casa tradicionalmente ocupada por senhores e senhoras que já percorreram longa trajetória pública como governadores, vários mandatos no próprio Senado, e até como presidente da República.

A sua vitória depois de dois dias de vergonhosas sessões enfim solapou não só Renan Calheiros (MDB-AL), mas um grupo que, tutelado por José Sarney, mandou e desmandou, desde os anos 90, no plenário e na exagerada estrutura administrativa (incluindo a polícia legislativa). Fez (e mal) o que bem quis no Senado.

A mudança deveria então criar expectativas morais? Nem tanto. O presidente do Senado não tem nada de novato. Vive há quase 20 anos da política. Elegeu-se vereador em Macapá em 2000. Foi deputado federal por três mandatos, de 2003 a 2014, e é senador há quatro anos. Tem PhD no baixo clero, por onde passam negociatas das mais indecorosas do submundo parlamentar.

Seu principal padrinho na eleição do Senado foi Tasso Jereissati (PSDB-CE), que possui camarote vip no Carnaval dos coroneis do Congresso. Davi agradeceu os “conselhos” do tucano, desafeto público de Renan. O novo comandante do Senado já mostrou do que é capaz ao usar a cadeira de presidente temporário para operar em plenário uma manobra em
benefício próprio.

O STF cassou rapidamente a maracutaia regimental do voto aberto, mas o circo já estava montado para derrotar Renan. E nada é mais velho do que a interferência do Palácio do Planalto em uma disputa no Congresso. Davi deve muito ao ministro Onyx Lorenzoni por sua
eleição e precisa ser grato ao enrolado senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, que abriu o voto a seu favor. As suspeitas sobre Flávio envolvem práticas corriqueiras da velha política.

Leandro Colon
Diretor da Sucursal de Brasília, foi correspondente em Londres. Vencedor de dois prêmios
Esso.

link da matéria
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/leandrocolon/2019/02/davi-alcolumbre-nao-representa-o-novo-jeito-de-fazer-politica.shtml