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Curitiba tem pré-candidato a prefeito assumidamente gay pela primeira vez

Na noite desta quarta-feira (15/7) o PSOL lançou oficialmente a pré-candidatura do jovem gay, jornalista e ativista Diego Xavier à Prefeitura de Curitiba para as eleições municipais do próximo ano. O lançamento ocorreu durante uma live nas redes sociais e contou com a participação do diretor administrativo do Grupo Dignidade, Lucas Siqueira, atualmente coordenador de juventude do Comitê LGBT da Secretaria de Justiça, Trabalho e Família do Estado do Paraná e com a presidenta do Partido, Etiene Bento dos Santos.

“Entendemos que é imprescindível que o PSOL lance candidatos que lutem de peito aberto em favor das minorias. O Brasil é o país que mais mata travestis e transexuais no mundo. Só em 2019, mais de 120 vidas de trans e travestis foram mortas, oficialmente, em decorrência da sua orientação sexual. Enquanto a expectativa de vida de um brasileiro hetero é de 76,3 anos esse número cai pela metade para as travestis”, comenta a presidenta do partido.

No cenário atual, lésbicas, gays, travestis e pessoas trans estão expostas ao novo coronavírus do mesmo modo que todo o restante da população mundial. Entretanto a maioria que integra a comunidade LGBTI+ encontra-se em situação de vulnerabilidade social por estar à margem da sociedade. Dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) revelam que 90% da comunidade têm na prostituição a principal fonte de renda.

A luta pela igualdade de gênero deve passar, obrigatoriamente pela educação formal, cumprindo de fato o que nossa Carta Magna estabelece: todos são iguais perante à lei. O respeito não se aprende apenas dentro de casa, mas principalmente nas escolas. Com dosagem coerente à idade, ela deve ser obrigatória desde o ensino infantil para que tenhamos cidadãos e profissionais conscientes e preparados com foco no fortalecimento dos laços entre pessoas, democraticamente responsáveis.

Quem é Diego Xavier

Paranaense nascido em Cambé, na Região Metropolitana de Londrina, Diego tem 35 anos e é jornalista. Em seu período de acadêmico, atuou na Comissão Pastoral da Terra e na Pastoral da Criança, locais que o ajudaram a entender melhor a luta pelo direito a terra, pelos direitos humanos, por dignidade e pelos direitos das crianças e adolescentes. Mudou-se para Curitiba, cidade que o acolheu e lugar que escolheu para iniciar sua carreira em 2009. Atuou como assessor de comunicação para parlamentares da Câmara de Vereadores e da Assembleia Legislativa.

Em 2017, mudou sua vida ao decidir viver na cidade de Cork, na Irlanda. Lá teve contato mais próximo com o ativismo LGBTI+ do país, ao trabalhar em uma cooperativa na qual muitos funcionários eram da comunidade LGBTI e imigrantes. Naquele país e em outros 12 países europeus que conheceu em sua morada no continente, participou de eventos nos quais conheceu políticas públicas na área de cidades sustentáveis, segurança alimentar, transportes, mobilidade urbana e programas de diminuição do desperdício de alimentos, além de ampliar os estudos sobre a militância LGBTI+ e a luta por direitos.

No ano de 2018, com os constantes ataques aos direitos humanos da comunidade LGBTI+ de outros setores vulneráveis da sociedade no Brasil, Diego amadureceu seu retorno ao Brasil para se engajar politicamente. Sua volta ao país aconteceu em fevereiro de 2020.

“Lanço minha pré-candidatura por não me sentir satisfeito e representado pela classe política atual. Renovar a política é muito importante. É fazer diferente para ter resultados diferentes. Quero ver uma Curitiba que seja verdadeiramente para todos. Uma cidade humana e que se preocupa com o bem estar do seu povo, seja ele hetero, gay, preto, branco, ou seja, curitibano. É claro que precisamos respeitar as particularidades de cada um e suas histórias de vida e luta, mas ninguém pode ser esquecido ou ter direitos negados e suprimidos por questões de classe, gênero, cor de pele ou origem”, explica o pré-candidato.