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Crise no governo de Barbosa Neto embaralha cenário eleitoral

Gazeta do Povo

A abertura da Comissão Processante contra o prefeito de Londrina, Barbosa Neto (PDT), no caso Centronic e a denúncia de compra de apoio político na Câmara Municipal daquela cidade, que resultou na prisão de membros do “núcleo duro” da articulação política do pedetista, devem trazer consequên­cias no cenário eleitoral.

A leitura que vinha sendo feita até agora nos bastidores políticos era que existia forte tendência de polarização entre o pedetista e o vereador Marcelo Belinati (PP), que tem como principal cabo eleitoral o tio, o ex-prefeito Antonio Belinati (PP).Com a crise instalada no governo de Barbosa Neto, a avaliação feita por líderes partidários é de mudança do cenário eleitoral, com a possibilidade de viabilizar novas candidaturas, o que pode recolocar na disputa grupos que até então tinham poucas chances eleitorais. O vereador pedetista Roberto Fu admite que a crise muda o cenário, fragilizando o prefeito, que é do seu partido.

“Essa crise abre espaço para algumas candidaturas. Tanto é que determinados candidatos, que estavam desistindo de concorrer, já pensam em entrar na disputa”, declarou.

Concorrentes minimizam as denúncias

Apesar de a crise ter agitado o cenário eleitoral de Londrina, alguns líderes partidários minimizam seus efeitos. Para o vereador Marcelo Belinati (PP), que seria o maior beneficiário eleitoral da fragilização do prefeito Barbosa Neto (PDT), “é muito cedo para fazer avaliação” do quadro político pós-crise. Ele acredita que a crise influencia o cenário, mas ainda não é possível mensurar o quanto.

“Independentemente do processo eleitoral, os fatos que estão sendo investigados precisam ser esclarecidos. E na eleição precisamos discutir a cidade”, afirmou o pré-candidato.

O presidente do PT, Onaur Ruano, afirmou que a preocupação do partido não é com o impacto da crise nas eleições. “Não estamos trabalhando hoje com a hipótese de sustentar a nossa candidatura em cima das outras candidaturas. Estamos construindo uma candidatura de forma propositiva”, afirmou o petista. Ele minimizou o impacto da crise, argumentando que o cenário eleitoral “ainda está se consolidando” e, por isso, não é possível avaliar seus reflexos na disputa.

No PMDB, que até aqui se dividia entre aderir à gestão do prefeito Barbosa Neto ou fazer oposição, a tese da candidatura própria deve voltar a ganhar força no cenário pós-crise. Para Tito Valle, o único vereador do partido a crise enfraquece a posição do grupo do PMDB que defendia a adesão ao governo.

“Temos um candidato forte, que faria uma bela figura na próxima eleição, com chance de ganhar”, declarou Valle, referindo-se ao deputado estadual Luiz Eduardo Cheida, o nome do partido. Antes da crise, o presidente do partido, Leonilso Jaqueta, falava que caso não lançasse candidato próprio, uma das possibilidades de aliança seria com o PDT de Barbosa Neto. (FS)

Nomes como o do deputado federal Alex Canziani (PTB) e o do secretário estadual da Fazenda, Luiz Carlos Hauly (PSDB), ressurgiram como possíveis candidatos, pelo menos nas conversas de bastidores. De acordo com a assessoria do petebista, existe a possibilidade de Canziani ser candidato, em especial por causa da crise no governo de Londrina. Segundo a assessoria de Canziani, o deputado pode encarar o desafio eleitoral, se o partido colocar o nome dele.

Já o presidente do PSDB, Éder Pimenta, negou que Hauly seja candidato. “Tive­­­mos uma reunião da executiva na segunda-feira. Ele estava presente na reunião e manteve a posição anterior [que é de não concorrer]”, afirmou Pimenta. Ele avalia que os governistas estariam alimentando o boato de uma possível volta à disputa eleitoral para “jogar no colo do PSDB tudo o que aconteceu”.

Na leitura de Pimenta, o discurso seria o de que os tucanos teriam “armado” a crise para se aproveitar eleitoralmente dela. Para evitar serem acusados de “armação”, afirma Pimenta, o vereador Amauri Cardoso (PSDB), alvo da tentativa de suborno e que levou a denúncia ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Cri­­­me Organizado (Gaeco) também é descartado como nome do partido para disputar a eleição.

A crise fez também com que um vereador que era tido como candidato à reeleição para a Câmara passasse a figurar como pré-candidato à prefeitura. José Roque Neto (PR), o Padre Roque, renunciou à CP alegando que poderia ser candidato a prefeito – e, nessa condição, não poderia investigar um concorrente.

Segundo ele, a “mudança de cenário provocada pela crise” levou o seu partido a cogitar a possibilidade de lançar candidatura própria. “Estive conversando com o deputado federal Fernando Giacobbo [presidente estadual do PR] a respeito da situação da cidade. Ainda não chegamos a essa condição [de pré-candidato], mas estamos conversando”, explicou.