O PT trouxe ontem a Pinhais, na Grande Curitiba, suas duas maiores “estrelas” – a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula – para comemorar os dez anos do partido no comando do país, período batizado pelos petistas de “o decênio que mudou o Brasil”. Mas a festa, que reuniu a cúpula do partido e cerca de 1,5 mil militantes no Expotrade, veio em um momento em que o PT enfrenta dilemas do rumo que vai dar ao país, em especial na área econômica, mas também na condução política.
O PIB tem sido baixo – o crescimento de 0,9% da economia em 2012 contrariou as expectativas superotimistas do ministro da Fazenda, Guido Mantega. O Planalto também tem de enfrentar a alta da inflação – sobretudo nos preços dos alimentos, algo que refletiu na queda na popularidade da presidente.
Tanto Dilma quanto Lula já afirmaram em diferentes ocasiões que o governo federal tem a inflação sob controle. Mas as medidas de incentivo ao consumo – como o recente crédito para a compra de móveis e eletrodomésticos aos beneficiários do programa Minha Casa, Minha Vida, por exemplo – dão sinais de que não dão mais o efeito desejado. Além disso, para conter a inflação, o Banco Central teve de elevar os juros, o que desestimula o consumo e, consquentemente, freia o crescimento.
Para completar, até mesmo antigos aliados políticos, de olho em voos mais altos, passaram a criticar o governo. “É preciso alavancar a formação bruta do capital, alavancar investimentos públicos e privados, intensificar exportações para isso melhorar a produtividade, investir em inovação”, afirmou o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), possível candidato à Presidência de 2014. “O que acontece é que as políticas na direção do consumo terminam sendo mais rápidas; saem do papel com maior rapidez, quando o investimento, que é o que mais precisamos neste momento, é mais complicado”, disse ele.
No Congresso, Dilma também tem colhido dificuldades de onde menos esperava: de sua base aliada. A votação da MP dos Portos, feita no apagar das luzes e a recusa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de colocar em votação a medida provisória que iria garantir a redução da conta de luz são alguns exemplos da retaliação dos aliados insatisfeitos.
Otimismo
Mesmo com todas essas questões à frente, a postura de dois dos maiores representantes do PT é de otimismo. “Eu acho que a presidenta, depois de dois anos e meio, já sabe tranquilamente como cuidar da política”, declarou Lula em Brasília mês passado, referindo-se ao desgaste com a base aliada.
Dilma, por sua vez, comparou nesta semana seus oposicionistas ao Velho do Restelo, personagem tipicamente pessimista da epopeia Os Lusíadas, de Camões. “Muitos Velhos do Restelo apareceram nas margens das nossas praias. Hoje, o Velho do Restelo não pode, não deve e, eu asseguro para vocês, não terá a última palavra no Brasil.”
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